Pretória - A Amnistia Internacional considerou hoje (quarta-feira) que a África do Sul continua refém da violência, particularmente as mulheres e jovens raparigas, após 28 anos de liberdade no país que hoje celebra o fim do regime do 'apartheid' em 1994.
"Embora tenha havido muitas liberdades conquistadas desde 1994, mulheres e meninas ainda não estão livres da violência de género e do feminicídio", referiu, em comunicado, a directora da Amnistia Internacional na África do Sul, Shenilla Mohamed.
Nesse sentido, a responsável apontou a elevada incidência do número de casos de violência de género no país, apesar da adopção pelo Governo sul-africano do Plano Estratégico Nacional (NSP) sobre Violência de Género e Feminicídio (GBVF, na sigla em inglês), em 2019.
"As estatísticas trimestrais da criminalidade divulgadas em Fevereiro indicam que 11.315 pessoas foram violadas entre Outubro e Dezembro de 2021, e esses foram apenas os casos de violação denunciados à polícia", frisou Shenilla Mohamed.
De acordo com a Amnistia Internacional, em 2021, registaram-se 117 casos de feminicídio no primeiro semestre do ano na África do Sul, salientando que 14.188 casos de crimes por violência sexual foram relatados entre Outubro e Dezembro do ano passado.
"É difícil celebrar o Dia da Liberdade quando tantas pessoas na África do Sul não estão seguras e há pouca consideração pelo direito à vida", referiu a responsável da organização de defesa de Direitos Humanos britânica na África do Sul.
A África do Sul assinala hoje a data de 27 de Abril, feriado nacional, como o 'Dia da Liberdade', comemorativo da queda do anterior regime segregacionista com a realização das primeiras eleições multirraciais e democráticas, em 1994, em que elegeu Nelson Mandela como o primeiro presidente da República negro do país.