Joanesburgo - O número de rinocerontes mortos na África do Sul em 2020 caiu 33% face ao ano anterior, anunciaram hoje as autoridades locais, que destacaram os efeitos das medidas de confinamento na caça furtiva.
De acordo com a ministra do Ambiente, Barbara Creecy, pelo menos 394 rinocerontes foram abatidos em 2020, menos 200 que os 594 mortos em 2019.
Segundo a governante, citada pela agência France Presse (AFP), a maioria dos rinocerontes, 245, foram abatidos no parque nacional Kruger, um parque na fronteira com Moçambique.
A ministra destacou a quebra da caça furtiva durante os meses de confinamento.
"Durante o período mais duro de contenção contra a covid-19, assistimos a uma redução significativa das incursões de caçadores furtivos no Kurger", acrescentou Creecy.
"Contudo, isto mudou mais tarde, quando os níveis de confinamento abrandaram e se registou um recomeço significativo da caça furtiva, sobretudo em dezembro", sublinhou.
A África do Sul alberga quase 80% da população mundial de rinocerontes, espécie que tem visto um declínio constante do número de espécimes mortos pelo sexto ano consecutivo.
Ainda assim, os caçadores furtivos continuam a dar uma resposta à forte procura de chifres de rinoceronte na Ásia, onde são utilizados na medicina tradicional ou para efeitos afrodisíacos.
Creecy considerou a redução do número de rinocerontes mortos como "uma pequena vitória", mas defendeu a necessidade de continuar as campanhas contra a caça furtiva.
Para os ambientalistas, no entanto, esta redução do número de animais caçados ignora o declínio geral da população de rinocerontes.
"Durante vários anos foram levantadas questões sobre o tamanho exato da população de rinocerontes negros. No fim de contas, se houver menos rinocerontes, tornam-se muito mais difíceis de encontrar para os caçadores furtivos", disse o diretor regional para a África Oriental e Austral da Iniciativa Mundial contra o Crime Organizado Transnacional, Julian Rademeyer.
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF, em inglês), disse ter registado um declínio de "quase 70%" da população de rinocerontes no parque nacional Kruger ao longo da última década, atribuindo esta quebra à seca e à caça furtiva.
Um relatório recente publicado este ano pela agência de parques nacionais do Governo, citado pela AFP, registava uma população de 3.549 rinocerontes brancos e 268 rinocerontes negros no Kruger.