Cidade da Praia – O novo quadro de cooperação entre Cabo Verde e o Brasil irá abranger o sector das mudanças climáticas e preservação ambiental e o ramo privado, anunciou esta terça-feira a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Miryan Vieira.
A governante cabo-verdiana falava à imprensa depois de se reunir com o secretário para África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Carlos Duarte, durante a IV reunião de consultas políticas entre os dois países que decorreu na cidade da Praia.
Segundo explicou, o encontro serviu para avaliar as relações de amizade entre os dois países, mas também o balanço exaustivo sobre as linhas de acção e de cooperação, colaboração essa, que no entender de Miryan Vieira, tem sido bastante “profícua” e com impactos positivos no processo de desenvolvimento de Cabo Verde.
"Nós estamos a desenhar o plano de desenvolvimento integrado, já houve uma missão de prospecção da Agência Brasileira de Cooperação, onde foram identificados alguns sectores que serão abrangidos no quadro desse novo programa de cooperação, nomeadamente a questão das mudanças climáticas e a preservação ambiental”, precisou.
O programa, contemplará ainda o sector da saúde, do turismo, empreendedorismo e obviamente o sector privado que terá um “papel importante”, sobretudo na materialização desse novo quadro de cooperação que será desenhado com o Brasil.
“Para além das políticas que têm a ver com a erradicação da pobreza queremos trabalhar, sobretudo, na vertente económica, com o sector privado e acções que serão desenvolvidas para potencializar o comércio e o investimento entre Brasil e Cabo Verde, e pensamos que estaremos a dar uma outra abordagem a esta cooperação que queremos”, apontou.
A governante adiantou que o programa se encontra em fase de estudo, e que poderá ter a duração de três anos.
Na ocasião, considerou que o Brasil tem sido o tradicional parceiro de desenvolvimento de Cabo Verde e tem apoiado, sobretudo na capacitação técnica e institucional do país, como na assistência humanitária com a importante ajuda alimentar no quadro da crise da segurança alimentar e que tem contribuído para reforçar as políticas de segurança alimentar e nutricional do país.
No âmbito do Programa de Cooperação para o Desenvolvimento Integrado de Cabo Verde, disse que o Brasil tem todo o interesse em fazer do arquipélago o modelo da nova filosofia de cooperação com os países do sul global.
Por seu turno, o secretário para a África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador Carlos Duarte, manifestou-se muito satisfeito com a retomada das consultas políticas entre Cabo Verde e Brasil, que estavam suspensas há cerca de oito anos.
Assegurou que o seu país está disponível para participar no plano de desenvolvimento integrado de Cabo Verde, que irá abranger o sector da saúde, agricultura, educação, sector privado.
Existem muitas oportunidades, do ponto de vista comercial, entre os dois países, para isso é preciso retomar a parte de conectividade tanto aérea como marítima que ajudará, sem dúvida, no crescimento do comércio e das actividades económicas”, sublinhou.
Na mesma linha, acrescentou que os empresários brasileiros têm todo interesse em participar mais do mercado cabo-verdiano através de investimentos e do comércio, mas realçou que é preciso um conhecimento maior sobre as oportunidades que se abrem para o sector privado.
Por outro lado, Carlos Duarte considerou que o mercado comum africano constitui também uma oportunidade para as empresas brasileiras investirem em Cabo Verde.
O encontro serviu também para analisar a situação política e socioeconómica nos respectivos países e relativamente aos assuntos regionais e internacionais de interesse comum e da actual situação geopolítica internacional e sua consequência para o desenvolvimento de ambos os países.
À margem da reunião, foi assinado um memorando de entendimento entre o Instituto Diplomático de Cabo Verde e o Instituto do Rio Branco do Brasil. JM