Novo governo sul-africano pretende demonstrar existência de “nação arco-íris”, diz analista

     África              
  • Luanda • Sexta, 05 Julho de 2024 | 16h30
Entrevista ao analista político, João Gomes
Entrevista ao analista político, João Gomes
Domingos Cardoso - ANGOP

 Luanda - A composição do novo governo sul-africano de “Unidade Nacional”,  anunciado pelo Presidente reeleito da África do Sul, Cyril Rmaphosa, serve para demonstrar à Comunidade Internacional que existe no país a chamada “Nação Arco-Íris”, afirmou o especialista em assuntos africanos João Gomes Gonçalves.

Em declarações esta sexta-feira à ANGOP, em Luanda, o analista para questões africanas disse que o Congresso Nacional Africano (ANC), que perdeu a maioria parlamentar nas eleições de 29 de Maio, teve que enveredar por governar com  a Aliança Democrática (AD) e nove outras formações políticas, para evitar que algumas forças externas considerassem o ANC partido de negros.

Referiu que o ANC, no poder desde 1994, ao formar um Governo de Unidade Nacional conseguiu exteriorizar o seu pensamento democrático.

João Gonçalves admitiu, por seu turno, que a atribuição de pastas ministeriais às formações políticas, o partido de Cyril Rmaphosa não fez a parte principal, que seria entregar o pelouro da Agricultura ao ANC, porque cometeu um erro grave ao favorecer o ponto de discórdia daquele grupo (AD).

No Governo de Unidade Nacional, o Ministério da Agricultura foi entregue ao líder do partido Aliança Democrática, o que, no seu entender, “significa que a pobreza do negro sul-africano vai continuar”, pois esta coligação é defensora dos latifundiários.

Segundo João Gonçalves, uma das causas da luta do povo sul-africano foi a marginalização das terras férteis. Portanto, entregar este Ministério a um elemento do ANC seria viável para levar a cabo a Reforma Agrária.

“O povo votante é como criança. O povo preteriu a sua própria liberdade em prol da comida. Significa que as terras aráveis vão continuar nas mãos da minoria branca”, pontualizou.

Disse ainda que a coligação feita pelo ANC é “contra natura” porque, segundo disse, um partido vem do regime do Apartheid e o outro é supostamente o que lutou para devolver a liberdade e tirar o negro da pobreza.

“Talvez por isso é que o ANC mantém o Ministério da  Indústria, do Comércio e da Economia sob seu controlo. Mas como é que vai desenvolver a economia e a indústria  sem a agricultura e os principais pontos de desenvolvimento da África do sul”, questionou.

O analista é da opinião que o ANC deveria negociar fortemente com os detentores das terras aráveis para cederem uma parte aos negros, porque, se isto não acontecer, nas próximas eleições este partido poderá perder.

Admitiu que o modelo de governação adoptado serviu apenas para se conseguir eleger o presidente Cyril Ramaphosa, mas, em termos práticos, o país poderá  ter algumas consequências negativas, tais como desentendimentos a nível de governação.

“É possível que haja alguma instabilidade política provocada pela própria conjuntura de governação”, finalizou.

Foram incluídos no novo gabinete com 32 elementos, 20 ministros do CNA, 6 do DA, 2 do Partido da Liberdade Inkatha (IFP), 1 do partido GOOD, 1 da Aliança Patriótica (PA), 1 do Congresso Pan-Africanista (PAC) e 1 da Frente da Liberdade Mais (VF Plus).

Os outros quatro pequenos partidos, incluindo o partido muçulmano Al Jamaah, foram incluídos no governo com um vice-ministro cada. O líder do Al Jamaah, Ganief Hendricks, foi nomeado Vice-Ministro do Desenvolvimento Social.

O Lança da Nação (MK), o terceiro maior partido no parlamento, tornou-se o novo principal partido da oposição, enquanto o quarto partido, os Combatentes da Liberdade Económica (EFF), também tomou o seu lugar nas fileiras da oposição. CS/JM





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