Kinshasa - Pelo menos 14 pessoas foram mortas domingo à noite no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo), num novo ataque atribuído aos rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF), informaram nesta segunda-feira as autoridades locais.
“Oataque ocorreu no domingo, por volta das 21:00 horas locais, na cidade de Bulongo, que pertence à província de Kivu-Norte, referiu o presidente da câmara, Kahindo Katembo, no portal local Actualité.cd.
De acordo com Katembo, muitas das vítimas - 13 civis e um soldado - foram levadas pelos atacantes das suas casas, antes de serem mortas.
O paradeiro de outros três civis é ainda desconhecido das autoridades.
Os rebeldes também atearam fogo a quatro camiões a caminho da cidade de Beni, a capital do território onde o incidente teve lugar.
A ADF é um grupo rebelde de origem ugandesa, mas está actualmente sediada no nordeste da RDCongo, perto da fronteira do país com o Uganda.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, as ADF foram responsáveis por cerca de 1.260 mortes em 2021, tornando-se no grupo armado mais letal da RDCongo.
Além disso, as autoridades ugandesas acusaram as ADF de organizarem três atentados suicidas à bomba no seu território, em Novembro de 2021.
Os objectivos da milícia não são claros, para além de uma possível ligação à organização terrorista do Estado Islâmico (EI), que por vezes reivindica a responsabilidade pelos seus ataques.
Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio directo do EI às ADF, os Estados Unidos identificaram os rebeldes como uma "organização terrorista", afiliada ao grupo rebelde desde Março de 2021.
O Governo congolês impôs um estado de sítio no Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, em Maio de 2021, para lidar com os grupos rebeldes, embora esta medida não tenha eliminado o problema.
Do mesmo modo, com o objectivo de neutralizar as ADF, os exércitos da RDCongo e do Uganda iniciaram uma operação militar conjunta em solo congolês, no final de Novembro de 2021.
Desde 1998, o leste da RDCongo tem estado sob o controlo de um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (MONUSCO), com mais de 14.000 soldados destacados no terreno.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e, segundo o Barómetro de Segurança de Kivu (KST), Kivu é o campo de batalha para pelo menos 122 grupos rebeldes.