Abuja - O líder da Igreja Metodista Nigeriana, Samuel Kanu, e outros dois religiosos raptados por homens armados, no domingo, no sudeste do país, foram libertados hoje, terça-feira, segundo a polícia.
"Sim, eles foram libertados na segunda-feira à noite. Essa é a única informação que tenho", disse Geoffrey Ogbonna, porta-voz da polícia no estado de Abia, onde ocorreram os raptos.
Ogbonna não especificou como os três clérigos escaparam do cativeiro ou se a sua libertação envolveu o pagamento do resgate de 100 milhões de nairas (cerca de 224.000 euros) que os autores solicitaram ao entrar em contacto com a Igreja, após o sequestro.
Kanu e seus companheiros - incluindo o bispo metodista de Owerri, capital do estado vizinho de Imo, Dennis Mark - foram sequestrados no domingo quando viajavam entre as cidades de Enugu e Port Harcourt, na cidade de Umunneochi.
O chefe de Umunneochi, Ifeanyi Madu, também confirmou em comunicado a libertação do religioso, sem dar mais pormenores.
O sudeste da Nigéria tem sido recentemente palco de graves raptos e assassinatos atribuídos pelas autoridades aos separatistas do Povo Indígena de Biafra (Ipob), um grupo que defende a secessão do território.
No início deste mês, a polícia encontrou a cabeça cortada de um deputado no estado vizinho de Anambra, depois de ter sido raptado por pistoleiros.
Também este mês, e em Anambra, atacantes armados dispararam e mataram uma mulher grávida e os seus quatro filhos, enquanto invadiam uma comunidade.
O líder do Ipob, Nnamdi Kanu, está actualmente a ser julgado após ter sido apresentada à justiça pelo Governo nigeriano sob acusações de terrorismo.
A tensão nesta área remonta a 30 de Maio de 1967, quando, no meio de tensões étnicas crescentes, devido a sucessivos golpes de Estado, o governador da Nigéria Oriental, Emeka Ojukwu, anunciou a criação da República de Biafra para proteger o grupo étnico Ibo, alvo de massacres no norte do país.
O governo militar nigeriano tentou recuperar o controlo pela força, levando à guerra civil nigeriana (1967-1970), que causou quase dois milhões de mortos, principalmente, devido à fome que devastou a região por causa de um bloqueio de dois anos.
Esta insegurança é agravada pela insegurança no centro e noroeste do país, que sofrem ataques incessantes e raptos em massa para obter resgates lucrativos.
A Nigéria também sofre da ameaça jihadista que assola o nordeste do país desde 2009, causada pelo grupo Boko Haram e, desde 2015, pela sua facção Iswap (Estado islâmico na província da África Ocidental).