Niamei - Centenas de pessoas manifestaram-se esta segunda-feira no Níger a protestar contra o aumento do custo de vida e exigir a retirada das tropas francesas, autorizada na capital do país nos últimos cinco anos.
De acordo com a Efe, o protesto, que foi marcado pelos slogans "Exército criminoso francês, sai", "Não ao aumento dos preços dos combustíveis" e "Não ao aumento do custo de vida", terminou sem incidentes e rodeado de um grande aparato de segurança.
A manifestação foi convocada pela M62 - composta por cerca de 15 organizações - cujo coordenador geral, Abdoulaye Seydou, exigiu a partida da força francesa, 'Barkhane', do território nigerino, considerando a presença destes militares "um ataque à soberania e (revelador do) desprezo pelo povo nigerino, ilustrado pelos múltiplos massacres da população civil".
A agência Efe, citando o portal de notícias nigerino ActuNiger, indica que o coordenador acusou as tropas francesas de "desestabilização no Sahel" e disse que eram responsáveis por "um obstáculo à indispensável colaboração entre o Níger e o Mali na luta contra o terrorismo".
"Reafirmamos a nossa solidariedade e apoiamos o Mali na defesa da sua soberania", afirmou, na sequência do destacamento de tropas francesas para o Níger após a sua partida do Mali devido às tensões entre os países ocidentais e a junta militar instalada no país após o golpe de Estado de Agosto de 2020.
Após criar a operação Barkane em 2014 para ajudar a combater o fundamentalismo islâmico no Mali, a França anunciou em 17 de Fevereiro a decisão de reorganizar o dispositivo "fora do território maliano" por concluir que as "condições políticas e operacionais não estavam reunidas" para se manter no país, segundo disse o Estado-maior em meados de Agosto.
A presença militar no Sahel ficará reduzida a metade até ao final do ano, com 2.500 militares.
Paris diz há meses que não está a abandonar o combate contra o extremismo islâmico e que está a debater com os países do Sahel e do Golfo da Guiné a preparação de novas formas de intervenção.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, disse em Julho que "até ao Outono vai repensar" a presença militar em África.