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Unicef condena ataques que mataram 58 pessoas no Níger

     África              
  • Luanda • Quarta, 17 Março de 2021 | 19h27
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Joaquina Bento

Dakar - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) condenou hoje "nos termos mais veementes" os ataques no norte do Níger que mataram 58 pessoas na segunda-feira.

Num comunicado, a directora-regional da Unicef, Marie-Pierre Poirier, afirmou que a agência está "triste e indignada com os ataques".

Para Poirier, "o aumento da violência armada na região do Sahel Central está a ter um impacto arrasador na sobrevivência, educação, protecção e desenvolvimento das crianças".

A directora-regional acrescentou que "nos últimos meses, o acesso de actores humanitários às populações afectadas por conflitos foi prejudicado", sublinhando que "chegar aos necessitados é cada vez mais desafiador".

O Unicef assinala que o Níger continua a enfrentar várias crises humanitárias prolongadas que foram agravadas pelos impactos da pandemia da covid-19.

De acordo com dados da ONU, cerca de 3,8 milhões de pessoas, incluindo dois milhões de crianças, precisam de assistência humanitária em todo o país.

O Unicef continua a trabalhar com o Governo e com os seus parceiros nas comunidades afetadas para prestar proteção essencial, serviços de saúde e educação às crianças e famílias afectadas.

No entanto, apesar desses esforços, Marie-Pierre Poirier diz que "mais apoio e envolvimento adicionais da comunidade internacional são urgentemente necessários para parar a violência e ajudar a alcançar aqueles que têm maiores necessidades".

Hoje, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condenou os ataques.

"Na sequência dos ataques bárbaros em civis em Banibangou, no Níger, envio as minhas condolências às famílias das vítimas, expresso a minha solidariedade com o Governo e condeno veementemente estes atos terroristas", escreveu o responsável na plataforma social Twitter.

O Governo do Níger afirmou na noite de terça-feira que os ataques de segunda-feira junto à fronteira com o Mali, que atingiram um grupo de civis que regressavam de um mercado, mataram pelo menos 58 pessoas.

Na segunda-feira à tarde, "grupos de indivíduos armados ainda não identificados intercetaram quatro veículos que transportavam passageiros que regressavam do mercado semanal de Banibangou para as aldeias de Chinagodrar e Darey-Daye", indicou um comunicado do Governo, lido então na televisão estatal e citado pela agência France-Presse (AFP).

"Estes indivíduos procederam de forma cobarde e cruel à execução seletiva de passageiros. Na aldeia de Darey-Daye mataram pessoas a atearam fogo a celeiros", acrescentou o documento.

O Governo referiu ainda que os "atos bárbaros" deixaram "58 pessoas mortas, uma pessoa ferida, vários celeiros e dois veículos incendiados", roubando ainda outros dois veículos.

Banibangou tem um dos mais importantes mercados semanais desta região, próxima da fronteira com o Mali.

A região de Tillabéri, localizada na zona das "três fronteiras" Níger-Mali-Burkina Faso, frequentemente atacada por grupos 'jihadistas', é também altamente vulnerável à insegurança alimentar crónica, agravada pelo estado de emergência.

Além dos grupos 'jihadistas', a região de Tillabéri alberga também grupos antiterroristas, que os especialistas dizem ter levado a um aumento de milícias étnicas, alimentado as tensões intercomunitárias.

O ataque de segunda-feira teve contornos semelhantes aos realizados a 02 de Janeiro e que resultaram na morte de mais de 100 pessoas, segundo um balanço do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).

A 12 de Janeiro, o OCHA divulgou uma nota em que estimava que cerca de 10.600 pessoas tivessem abandonado as suas casas nas aldeias de Tchoma-Bangou e Zaroum-Dareye, no sudoeste do país, para outros locais da região de Tillabéri.

Esses ataques, bem como os que os antecederam na mesma região, levaram então ao encerramento ou suspensão de 17 mercados rurais nos departamentos de Abala, Banibangou e Ouallam, afetando o acesso da população a alimentos e a serviços sociais básicos.

Há vários anos que o Níger -- tal como os vizinhos Mali e Burkina Faso - é alvo de ataques 'jihadistas' nas zonas oeste e sudeste, tendo já morrido centenas de pessoas.

Em Maio passado, 20 pessoas, incluindo crianças, foram mortas em duas aldeias em Anzourou (região de Tillabéri) e há cerca de duas semanas, pelo menos 34 pessoas foram mortas e 100 outras ficaram feridas em Toumour, na região de Diffa (sudeste), perto da Nigéria, por membros do grupo 'jihadista' Boko Haram, de acordo com as autoridades.





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