Kampala - O Presidente ugandês Yoweri Museveni, no poder desde 1986, foi reeleito para um sexto mandato com 58,64 por cento dos votos, anunciou hoje a comissão eleitoral, numa altura em que o principal opositor, Bobi Wine, mantém as denúncias de fraude.
O candidato da oposição à Presidência do Uganda Bobi Wine obteve 34,83por cento dos votos, segundo a comissão.
A taxa de afluência do acto eleitoral realizado na quinta-feira, marcado pela ordem governamental para cortar o acesso à Internet e às redes sociais, foi de 57,22 por cento, indicou a mesma entidade.
Na sexta-feira, e após a divulgação de dados parciais, Bobi Wine -- cujo nome verdadeiro é Robert Kyagulanyi - contestou os resultados eleitorais e denunciou "uma farsa completa".
Na mesma ocasião, o opositor disse acreditar que tinha derrotado "o ditador [Yoweri Museveni] por larga margem".
Deputado e antigo cantor de ragga, Bobi Wine, de 38 anos, denunciou a ocorrência de actos fraudulentos em larga escala durante o acto eleitoral, como por exemplo boletins de voto preenchidos previamente, e de ataques contra os observadores do seu partido, que chegaram a ser expulsos das mesas de voto.
A votação de quinta-feira decorreu aparentemente de forma pacífica, mas sucedeu a uma campanha que foi particularmente violenta, marcada por acções de intimidação e detenções de membros da oposição, por ataques aos meios de comunicação social e pela morte de pelo menos 54 pessoas em tumultos desencadeados após uma das várias detenções de Bobi Wine, cuja campanha foi bastante dificultada por causa das restrições impostas pela pandemia da doença covid-19.
Museveni (76 anos), que lidera Uganda desde 1986, candidatou-se a um sexto mandato depois de ter alterado a Constituição do país por duas vezes, uma para anular o limite de mandatos do Presidente e a outra, em 2017, para retirar da Magna Carta do limite de idade de 75 anos até então fixado ao exercício do cargo de chefe do Estado.