Maputo – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, prometeu hoje (3) salvaguardar os interesses africanos durante o seu mandato como membro não-permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Numa mensagem alusiva ao início, esta terça-feira, do seu mandato de dois anos, Filipe Nyusi declarou: "reafirmamos a nossa linha de orientação centrada na defesa e salvaguarda dos interesses de Moçambique, da África, dos países em desenvolvimento e do mundo na defesa da paz e segurança internacionais".
O Chefe de Estado moçambicano comprometeu-se ainda a usar a experiência do país na "construção da paz por via do diálogo" para contribuir na "edificação de um mundo mais pacífico, harmonioso e próspero".
O Presidente lembrou que o país assume o seu mandato num contexto de "fortes desafios internacionais" entre os quais o "recrudescimento de ameaças à paz e segurança internacional" causados, entre outros, por "conflitos entre Estados, terrorismo e o efeito das mudanças climáticas".
A cerimónia de tomada de posse está marcada para as 12h00 em Nova Iorque, Estados Unidos, e vai contar com a presença do embaixador moçambicano nas Nações Unidas, Pedro Comissário, que deverá içar a bandeira do país africano e fazer um discurso inaugural.
Moçambique foi eleito membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o período de 2023 e 2024 em 09 de Junho.
Este órgão, criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas, tem cinco membros permanentes - Estados Unidos de América, Rússia, França, Reino Unido e China - e 10 membros não-permanentes.
Todos os anos, a Assembleia-Geral elege cinco de um total de 10 membros não-permanentes, que nos termos de uma resolução da ONU são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.
A eleição de Moçambique ocorreu numa altura em que a insurgência armada na província de Cabo Delgado continua a assumir-se como o principal desafio de segurança, com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que se prolongou pelos últimos cinco anos, levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4 mil mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.