Maputo - O ministro da Defesa Nacional de Moçambique assegurou que a força militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai começar "muito rapidamente" a combater os grupos armados na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
"Acredito que muito rapidamente a ofensiva da SADC vai iniciar", afirmou Jaime Neto, citado hoje (quinta-feira) pelo jornal Notícias, o principal diário moçambicano.
Neto avançou que a Força em Estado de Alerta da SADC está a posicionar-se em locais estratégicos em Cabo Delgado, para o lançamento de ataques contra os grupos armados.
A Força em Estado de Alerta para o combate aos grupos armados na província de Cabo Delgado foi lançada a 09 de Agosto deste ano, mas ainda não foram relatadas acções de combate da missão.
Não é conhecido o número de efectivos militares que a organização enviou para Moçambique, mas peritos da organização já tinham estimado em cerca de três mil o número de homens que deviam integrar a missão.
Nas declarações ao Notícias, o ministro da Defesa Nacional de Moçambique referiu-se às operações conjuntas já em curso entre as forças governamentais de Moçambique e do Rwanda, assinalando que "já há resultados visíveis" na luta contra os rebeldes em Cabo Delgado.
"Os resultados da operação conjunta são visíveis, pois já se pode caminhar livremente dos distritos de Mueda até Palma", destacou Jaime Neto.
Neto avançou que as duas forças estão a progredir em direcção aos principais redutos dos insurgentes, visando desalojá-los das suas principais bases.
O Rwanda destacou para Moçambique um contingente de 800 militares e 200 polícias para o combate aos grupos armados, no âmbito de um acordo bilateral com Maputo.
A luta contra os insurgentes ganhou um novo impulso, quando no dia 08 forças conjuntas de Moçambique e do Rwanda reconquistaram a estratégica vila portuária de Mocímboa da Praia, que estava nas mãos dos rebeldes desde 23 de Março.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco de ataques por grupos armados desde 2017, descritos por vários governos e entidades internacionais como "terroristas".
Na sequência dos ataques em Cabo Delgado, há mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.