Maputo - A audição do ex-presidente moçambicano Armando Guebuza no julgamento das dívidas ocultas, em Maputo, continua hoje (sexta-feira) às 10:00 locais anunciou o juiz Efigénio Batista.
O antigo chefe de Estado disse hoje em tribunal que o actual Presidente, Filipe Nyusi, podia esclarecer melhor detalhes do projecto que gerou as dívidas ocultas pelo cargo que ocupava na altura.
"Havia um grupo delegado para negociar. Não precisava de ser eu a saber. Quem sabe, talvez o chefe do comando operativo pudesse esclarecer melhor", referiu, numa alusão ao cargo que Nyusi ocupava na altura, como ministro da Defesa.
Hoje, Guebuza chamou a si a responsabilidade de criação das empresas na base do projecto e justificou-o por conta de ameaças à segurança do país.
Depois, remeteu detalhes para o comando operativo e "o seu chefe".
Guebuza é o último de vários intervenientes que têm considerado necessário o depoimento de Filipe Nyusi no tribunal, entre os quais a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), que requereu a sua presença em 18 de Janeiro.
No entanto, o juiz Efigénio Baptista inviabilizou a pretensão.
"A diligência requerida não contribui para a descoberta da verdade", disse o juiz, considerando que é "desnecessária e visa protelar o andamento do processo", justificou.
Armando Guebuza é o último declarante a ser ouvido no julgamento iniciado em Agosto, devendo seguir-se a marcação de datas para as alegações finais do caso.
Hoje, na chegada ao tribunal, o ex-presidente foi cumprimentado pelo filho, Ndambi Guebuza, um dos 19 arguidos acusados pela justiça moçambicana de se terem associado em "quadrilha" e delapidado o Estado moçambicano em 2,7 mil milhões de dólares (2,3 mil milhões de euros) angariados junto de bancos internacionais através de garantias prestadas pelo Governo.
As dívidas ocultas foram contraídas entre 2013 e 2014 pelas empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM para projectos de pesca de atum e protecção marítima.
Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), liderado pelo Presidente da República à época, Armando Guebuza, sem conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.