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Meios estatais egípcios acusados de “campanha contra o jornalismo"

     África              
  • Luanda • Quinta, 30 Junho de 2022 | 09h44

Cairo - A organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF) acusou hoje os apresentadores de televisão pró-governamentais e os jornais estatais no Egipto de participarem "numa campanha contra o jornalismo", noticiou a Lusa.

Num novo relatório intitulado "As Marionetas do Presidente Abdel Fattah al-Sissi", a ONG descreve um "ambiente de trabalho insuportável" para jornalistas que estão expostos a "campanhas de ódio e difamação", disse a responsável da RSF para o Médio Oriente, Sabrina Bennoui, em comunicado.

"Estes ataques são patrocinados pelo Estado com a cumplicidade de famosos apresentadores e dos meios de comunicação social" num país onde os “talk shows” (programas de entrevistas) moldam a opinião pública todas as noites, defendeu.

Embora a Constituição de 2014 garanta a liberdade de imprensa no Egipto, o país tem cerca de 20 jornalistas presos e está classificado em 168.º lugar entre 180 no índice de liberdade de imprensa de 2022 da RSF.

De acordo com a ONG, os serviços de segurança egípcios representam "o segundo maior actor no panorama dos “media”, dado que uma sociedade estatal controla "cerca de 17%" dos meios de comunicação social do país de 103 milhões de habitantes.

De acordo com RSF, esta “holding” dos “media” serve para conduzir "campanhas coordenadas" que permitem aos "apresentadores vedetas caluniar jornalistas em canais de televisão populares (...) sob o controlo dos serviços de informações do Estado".

O Egipto é regularmente destacado pelo historial de direitos humanos, com mais de 60.000 presos de consciência, muitos deles detidos por "divulgarem informações falsas", de acordo com ONG internacionais.


De acordo com a RSF, os jornalistas de renome têm desempenhado um papel importante na repressão, pondo de lado "a ética" para se tornarem "fervorosos defensores do Governo".

Embora os jornalistas dissidentes não sejam acusados de serem apoiantes da Irmandade Muçulmana, grupo proibido no Egipto, são classificados de "agentes estrangeiros" ou de promoverem "o deboche", uma acusação com pesadas consequências no país conservador.





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