Rabat - O rei de Marrocos, Mohamed VI, recebeu esta sexta-feira o presidente do partido liberal RNI (National Rally of Independents), Aziz Ajanuch, no Palácio Real de Fez, para formar o novo governo, depois de ter vencido as eleições legislativas.
De acordo com um comunicado do gabinete real, o monarca nomeou Aziz Ajanuch como presidente do governo e encarregou de formar o novo executivo marroquino, numa reunião que contou com a presença do príncipe herdeiro, Moulay Hassan.
O partido de Aziz Ajanuch, empresário que tem a segunda maior fortuna de Marrocos a seguir ao rei, foi uma das surpresas das eleições legislativas realizadas na última quarta-feira, obtendo 102 dos 395 lugares na Câmara dos Representantes (câmara baixa), contra os 37 alcançados na última legislatura.
Para atingir a maioria absoluta, o empresário terá agora que formar alianças com outros partidos para conseguir os 96 lugares que sobram.
Aziz Ajanuch terá de concordar com pelo menos dois partidos, uma vez que não lhe chegam os 86 lugares conquistados pelo liberal Autenticidade e Modernidade (PAM), a segunda força política a conseguir o maior número de cadeiras.
Em terceiro lugar ficou o partido nacionalista e histórico Istiqlal (PI), com 81 lugares, e na quarta posição a União Socialista das Forças Populares (USFP), com 35 assentos.
Aquele estava à frente do governo há mais de uma década, o partido islâmico moderado Justiça e Desenvolvimento (PJD), ficou em oitavo lugar nas votações, conseguindo apenas obter 13 lugares no parlamento.
Após o resultado negativo nas eleições legislativas, o líder do PJD e presidente do governo cessante, Saadedín Otmani, apresentou na quinta-feira a demissão em bloco e anunciou que vai permanecer na oposição.
A Constituição marroquina de 2011 estabelece que o rei deve confiar o governo à pessoa da lista mais votada nas eleições, sem especificar quem deve ser o líder da formação.
Neste caso, Mohamed VI optou por se dirigir ao presidente do partido liberal RNI para formar o novo executivo.
Fundado por um cunhado do falecido rei Hassan II, em 1978, e conhecido por estar perto do Palácio Real, o RNI é composto por empresários, altos funcionários do Estado, tecnocratas, notáveis locais, activistas e intelectuais.
Embora nunca tenha liderado um executivo, o RNI tem experiência governamental, uma vez que faz parte do executivo de coligação cessante liderado pelo PSD, detendo quatro das 24 pastas.
Nos dois últimos mandatos, a RNI proporcionou aos executivos marroquinos ministros tecnocráticos, como os cessantes da Economia e Finanças, Mohamed Benchaaboun, e da Indústria, Hafid Alami.
O próprio Aziz Ajanuch, um magnata dos hidrocarbonetos, é ministro da Agricultura e Pescas desde 2007, tanto no executivo do JPD (2011-2021), como no do nacionalista Istiqlal (2007-2011).
O partido islâmico moderado Justiça e Desenvolvimento (PJD) sofreu uma pesada derrota nas eleições legislativas em Marrocos, depois de mais de uma década à frente do Governo, indicaram na quinta-feira os resultados provisórios.
A vitória eleitoral pertenceu ao liberal RNI (National Rally of Independents), que avançou de quarto para primeiro com 97 lugares dos 395 na Câmara dos Representantes (câmara baixa do parlamento marroquino), disse o ministro do Interior de Marrocos, Abdeluafi Laftit, quando estavam contados 96% dos votos.
O PJD, que governa o país desde 2011, obteve 13 assentos, caindo do primeiro para oitavo partido mais votado, acrescentou.
A seguir ao RNI, surge o Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM, liberal) com 82 lugares, o Partido Istiqlal (PI, nacionalista), com 78 e, finalmente, o PJD com 12, abaixo dos 125 obtidos nas eleições de 2016.