Mali: Macron condena "golpe de Estado inaceitável"

     África           
  • Luanda     Terça, 25 Maio De 2021    19h38  
Presidente de França, Emmanuel Macron (arquivo)
Presidente de França, Emmanuel Macron (arquivo)
Lino Guimarães

Paris - O chefe de Estado francês condenou hoje o "golpe de Estado inaceitável" no Mali, depois da detenção do Presidente de transição e do primeiro-ministro por militares, mostrando-se aberto à aplicação de sanções.

"Estamos prontos, nas próximas horas, se a situação não for clarificada, a tomar sanções específicas" contra os protagonistas, disse Emmanuel Macron, numa conferência de imprensa no final de uma cimeira europeia.

Numa declaração lida na televisão nacional, o vice-presidente de transição no Mali, o coronel Assimi Goita, anunciou hoje que demitiu o seu superior, o Presidente Bah Ndaw, bem como o primeiro-ministro, Moctar Ouané, assegurando que "o processo de transição continua o seu curso" e que haverá eleições em 2022.

Macron disse que os líderes europeus condenaram "com a maior veemência possível" a prisão de Ndaw e de Ouané, tendo o chefe de Estado francês criticado o "golpe de Estado dentro do golpe de Estado".

"Condenámos com a maior veemência possível a prisão do Presidente de transição, do seu primeiro-ministro e dos seus colaboradores", relatou Emmanuel Macron, citado pela agência Francen Presse (AFP).

"O que foi conduzido pelos militares golpistas é um golpe de Estado dentro de um golpe de Estado, o que exige a nossa condenação imediata", sublinhou.

Assimi Goita, que liderou o golpe que em agosto de 2020 afastou o então chefe de Estado, Ibrahim Boubacar Keita, insistiu no "compromisso infalível" das forças armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente e primeiro-ministro, detidos na segunda-feira.

Após várias horas de expectativa desde a detenção de Ndaw e Ouané, Goita justificou a ação com uma "crise de muitos meses a nível nacional", em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por atores sociais e políticos.

A detenção de Ndaw e Ouané ocorreu horas após o anúncio da composição de um novo Governo formado pelo primeiro-ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe militar pela exclusão de dois comandantes militares.

Assimi Goita indicou também que "o processo de transição seguirá o seu curso normal e que as eleições planeadas se realizarão durante 2022".

Goita, chefe dos militares que derrubaram o Presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita a 18 de Agosto de 2020, culpou o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane pela formação de um novo Governo sem o consultar previamente, apesar de ser o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.

O coronel Goita disse que, neste contexto, foi "obrigado a agir" e a destituir das "suas prerrogativas" o Presidente, o primeiro-ministro e todos os envolvidos na situação.

Durante o dia de hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, anunciou que o país convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Exigimos a libertação das autoridades, cuja segurança deve ser garantida, e a retoma imediata do curso normal da transição", acrescentou Le Drian.

A missão das Nações Unidas no Mali (Minusma), a União Africana, os Estados Unidos da América, Reino Unido e Alemanha condenaram também "a tentativa de golpe de força".

Durante a noite, poucas horas depois da detenção dos dois governantes malianos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, tinha já anunciado que a instituição condenava "o rapto do Presidente e do primeiro-ministro" do Mali, advertindo também que poderão ser tomadas "as medidas necessárias" para estes desenvolvimentos "graves".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou na segunda-feira à "calma" no Mali e à "libertação incondicional" de Ndaw e Ouané.



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