Bamako - Pelo menos 40 membros de uma unidade de elite do Exército do Mali morreram em três emboscadas sucessivas perpetradas por alegados grupos 'jihadistas', na quinta-feira, no centro do país.
Segundo fontes das forças de segurança citadas pela agência noticiosa Efe, os soldados que sobreviveram ao ataque, incluindo o comandante da unidade, integravam um grupo dedicado à segurança fronteiriça e sofreram emboscadas sucessivas na localidade de Nokara.
Numa das emboscadas, um engenho explosivo no interior de uma carrinha abandonada foi detonado aquando da passagem de um conjunto de veículos militares.
À agência noticiosa espanhola, um dos sobreviventes referiu que o ataque foi muito complexo e atribuiu o número de mortos à demora da chegada dos reforços após a primeira emboscada.
Após a primeira emboscada, os soldados foram confrontados com outras duas, tendo sido alvo de tiros de homens armados.
Os perpetradores das emboscadas capturaram um número ainda indeterminado de militares malianos, que foram treinados ao abrigo de programas de treino norte-americanos e espanhóis, segundo fontes da Efe.
Os autores levaram ainda vários veículos militares equipados.
As forças malianas são regularmente alvo de ataques mortais.
Em fevereiro, um ataque ao posto de Boni provocou a morte de 10 soldados malianos.
A instabilidade que afecta o Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.
Os fundamentalistas foram expulsos em 2013 graças a uma intervenção militar internacional liderada pela França, mas extensas áreas do país, sobretudo no norte e no centro, escapam ao controlo estatal e são, na prática, geridas por grupos rebeldes armados.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 no Mali, Burkina Faso e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.
Além da presença de grupos terroristas como o Estado Islâmico no Grande Sahara e o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, filiado na Al-Qaida, o Mali é também palco de instabilidade política.
Independente desde 1960, o Mali viveu, em Agosto do ano passado, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.