Brazzaville - Mais de 24 milhões de africanos vivem actualmente com diabetes, metade dos quais ainda não diagnosticados, revelou a directora para África da Organização Mundial da Saúde, Matshidiso Rebecca Moeti, numa mensagem por ocasião do dia internacional da doença que se celebra nesta quinta-feira.
A mensagem, divulgada na quarta-feira, surge num contexto de aumento da prevalência da diabetes no continente, complicada por múltiplos factores, incluindo a urbanização, a má alimentação e a inactividade física da população e sublinha adequadamente o imperativo de uma abordagem colaborativa a este "assassino silencioso".
Para a efeméride, que se celebra este ano com o tema “quebrar as barreiras, colmatar as lacunas”, a OMS para África sublinha o seu empenho em reduzir o risco e garantir que todas as pessoas diagnosticadas com a doença tenham acesso a tratamento e cuidados equitativos, abrangentes, acessíveis e de qualidade.
Sem intervenções urgentes, prevê-se que o número de pessoas que vivem com diabetes na Região Africana aumente para 54 milhões até 2045, o maior aumento projectado a nível mundial, segundo o informe.
“Esta situação representa um fardo duplo significativo para a saúde e para a economia, além de gerar despesas catastróficas dos indivíduos para controlar a sua doença”, enfatiza o documento transmitido pela directora da organização regional da OMS.
“A situação é agravada pelo facto de África ter a mais baixa taxa de investimento em cuidados com a diabetes a nível mundial, com apenas 1% das despesas de saúde da região. Os sistemas de saúde também são tradicionalmente concebidos para lidarem com doenças agudas e infecciosas, sem prestar atenção suficiente a doenças crónicas como a diabetes”, remata a responsável.
De acordo com a organização, a gestão da enfermidade exige um esforço sustentado para equilibrar a actividade física, a alimentação saudável e o bem-estar mental.
“Neste sentido, a OMS na Região Africana está empenhada em soluções holísticas, incluindo uma nutrição adequada, acesso aos medicamentos essenciais necessários e apoio à saúde mental”, garante a instituição regional africana, adiantando que igualmente cruciais são as estratégias de prevenção abrangentes para abordar os factores de risco, incluindo a obesidade, a má alimentação e a actividade física, combinadas com o envolvimento da comunidade para garantir bons sistemas de apoio e reduzir o estigma.
A mensagem recorda que durante a 74ª sessão do Comité Regional da OMS para a África, realizado em Agosto deste ano em Brazzaville (Congo), os Estados-Membros africanos aprovaram o Quadro de Implementação do Pacto Mundial contra a Diabetes na Região Africana da OMS.
Trata-se, segundo a instituição, de um quadro centrado especificamente no desafio de integrar os cuidados da doença em sistemas de saúde mais amplos numa abordagem multi-sectorial e que fornece um roteiro para os países reforçarem a prevenção, o diagnóstico e os cuidados da diabetes, especialmente ao nível dos cuidados de saúde primários.
Exortação às pessoas, comunidades e governos
Por ocasião do dia mundial da diabetes, Matshidiso Rebecca Moeti, exortou os indivíduos, as comunidades, os governos, os profissionais de saúde, os decisores políticos e as organizações da sociedade civil a unirem-se e a agirem agora para redução da doença no continente.
Para os indivíduos, apelou para estes darem prioridade a um estilo de vida saudável e que, se já vivem com diabetes, façam controlos médicos regulares.
No que se refere às comunidades, adiantou tratar-se-á de poderem desempenharem o seu papel, criando ambientes de apoio que promovam uma vida saudável, reduzindo o estigma e proporcionando acesso a cuidados e educação sobre a doença a preços acessíveis.
Para os governos, adiantou que a instituição que dirige se compromete apoiar plenamente os seus esforços para a implementação de políticas que melhorem o acesso a medicamentos essenciais, reforcem os sistemas de cuidados de saúde primários e coloquem em primeiro plano de investimento na prevenção e nos cuidados da doença.
“O reforço do controlo da diabetes na Região Africana exige que abordemos as principais lacunas, incluindo mitos e ideias erradas sobre a diabetes, sistemas de cuidados de saúde primários frágeis e capacidade e formação insuficientes dos profissionais de saúde”, enfatizou.
E acrescentou, “juntos, vamos todos empenhar-nos em derrubar as barreiras e colmatar as lacunas, através da sensibilização, da divulgação de conhecimentos e da criação de mudanças duradouras para todas as pessoas afectadas pela diabetes em África”.
A diabetes, se não for tratado, pode levar a complicações como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, lesões nervosas, insuficiência renal, amputação de membros inferiores e doenças oculares que podem resultar em cegueira.
Trata-se de uma doença crónica ao longo da vida que leva a pessoa afectada a ter níveis descontrolados de açúcar no sangue, porque o seu corpo já não consegue produzir ou utilizar eficazmente a insulina que produz.DSC/CS