Kampala - O líder da oposição ugandês, Kizza Besigye, compareceu hoje perante um tribunal militar em Kampala, poucas horas depois da sua mulher ter afirmado que tinha sido "raptado" no sábado no Quénia, disse o seu advogado à AFP, citado pelo site Notícias ao Minuto.
De acordo com a agência France-Presse (AFP), as acusações contra o antigo militar do Uganda não são ainda conhecidas.
A notícia da comparência em tribunal surge poucas horas depois de a mulher de Besigye ter escrito na rede social X, que o seu marido tinha sido raptado em Nairobi e estava desaparecido desde sábado.
Besigye viajou para o Quénia para participar na apresentação de um livro da antiga ministra queniana Martha Karua, apoiante da lista liderada pelo principal opositor queninano, Raila Odinga, às eleições de 2022.
Durante a sessão no tribunal da capital do Uganda, "Besigye opôs-se a um julgamento perante o Tribunal Marcial Geral e informou ao juiz presidente que era um civil que não devia ser julgado por um tribunal militar", disse um dos seus advogados, Erias Lukwago, citado pela AFP.
A audiência foi suspensa depois de Besigye "ter informado o tribunal de que não tinha representação legal porque não tinha sido autorizado a comunicar com os seus advogados durante a sua detenção", explicou Lukwago.
Fotos publicadas nas redes sociais mostram-no a chegar ao tribunal, vestido com um fato azul e uma camisa cor-de-rosa, sorridente, com uma mão algemada à de um polícia à paisana e fazendo o V da vitória com a outra.
Antigo amigo íntimo que tornou-se opositor do Presidente, Yoweri Museveni, que governa o Uganda desde 1986, Kizza Besigye, de 68 anos, concorreu contra o actual chefe de Estado nas eleições presidenciais de 2001, 2006, 2011 e 2016.
Antigo coronel do exército ugandês e antigo aliado de Museveni, no poder desde 1986, é um dos políticos mais populares e experientes do país; em 1999 renunciou à sua posição militar depois de acusar o Governo de Museveni de espalhar a corrupção e o nepotismo, em vez de ter sido "um instrumento para a transição do Uganda para uma democracia multipartidária".
Após isto, as forças de segurança têm impedido várias vezes a realização de eventos públicos em que o antigo militar ia participar, e já esteve detido dezenas de vezes. DSC/AM