Kinshasa – Pelo menos 60 menores foram libertados na semana passada com o apoio da ONU, após terem sido recrutadas por grupos armados no sudeste da República Democrática do Congo (RDCo), anunciou hoje um porta-voz da sociedade civil, citado pelo site Notícias ao Minuto.
Os menores, com idades entre os sete e os 17 anos, tinham sido raptados por vários grupos rebeldes na província de Tanganica e foram libertados graças às operações do Programa de Desarmamento, Desmobilização, Reabilitação Comunitária e Estabilização (PDDRC-S), um projecto do governo democrático-congolês apoiado pela missão de manutenção da paz da ONU no país (Monusco).
"Foram recrutados à força por vários grupos armados. O principal é o Liwa, liderado pelo autoproclamado coronel Sarma Twa, mas há também outros grupos, como o Beton e o Elikya, que continuam a utilizar menores", disse à EFE, por telefone, Fabien Kambizi, porta-voz da sociedade civil da cidade de Kalemie.
O eixo entre as cidades de Kalemie e Bendera, na província de Tanganica, é a zona onde os rebeldes actuam principalmente.
Vários grupos da sociedade civil estão a trabalhar em estreita colaboração com o PDDRC-S.
Concretamente, nesta operação, têm-no feito através de campanhas de sensibilização, consultas e identificação dos grupos armados antes de libertarem as crianças.
"Identificámos 41 crianças entre os sete e os 17 anos da aldeia de Mulenda Ilunga, onde tinham sido recrutadas à força pelo grupo armado Liwa em 2020. Tinham-se refugiado na aldeia de Bimbwi", explicou Kambizi.
No caso dos grupos armados Beton e Elikya, o PDDRC-S certificou a libertação de 17 menores.
No total foram libertados 58 menores, embora os dirigentes dos grupos rebeldes tenham alegado que foram eles que os libertaram.
Desde 1998 que o leste da RDC está mergulhado num conflito alimentado por mais de uma centena de grupos rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco.
Embora outros sejam mais poderosos e mais conhecidos, como o Movimento 23 de Março (M23), as Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla inglesa) e a Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (Codeco), grupos como Liwa, Beton e Elikya estão muito presentes em várias zonas mineiras espalhadas pelo território de Kalemie. JM