Bamako - A junta no poder no Mali anunciou na segunda-feira que denunciou os acordos de defesa com a França e os seus parceiros europeus, fustigando os "atentados flagrantes" à soberania nacional pelas forças francesas presentes no país, informou hoje a Lusa .
Esta denúncia, para a qual também invocou "múltiplas violações" do espaço aéreo do Mali, concretiza uma ameaça formulada há semanas e constitui uma nova manifestação da degradação das relações entre as autoridades dominadas pelos militares e os antigos aliados do Mali no combate a milicianos.
As autoridades malianas rompem os Acordos do Estatuto das Forças, que fixam o quadro jurídico da presença no Mali das forças francesas Barkhane e europeia Takuba, bem como em matéria de defesa concluído em 2014 entre o Mali e a França, declarou o coronel Abdoulaye Maiga, porta-voz do governo, na televisão nacional.
"Desde há algum tempo, o governo da República do Mali constata com mágoa uma deterioração profunda a cooperação militar com a França", disse.
Em particular, citou a "atitude unilateral" da França durante a suspensão em Junho de 2021 das operações conjuntas entre as forças francesas e malianas, o anúncio em Fevereiro de 2022, "ainda sem qualquer consulta da parte maliana", da retirada das forças Barkhane e Takuba, e as "múltiplas violações" do espaço aéreo maliano pelos aparelhos franceses, apesar da instauração pelas autoridades de uma zona de interdição aérea sobre uma vasta parte do território.
A denúncia destes acordos levanta questões quanto às suas repercussões sobre a retirada em curso, designadamente da Barkhane, anunciada em Fevereiro. Esta importante e perigosa operação, ao fim de nove anos de envolvimento desde 2013, deve prolongar-se entre quatro e seis meses.