Tripoli - Jovens líbios manifestaram-se novamente em Tripoli na noite de domingo para hoje para protestar contra a deterioração das condições de vida, depois de a sede do parlamento em Tobruk (leste) ter sido invadida na sexta-feira.
Durante as manifestações, os jovens, maioritariamente encapuzados, queimaram pneus e cortaram várias vias, incluindo a estrada circular da capital e a estrada costeira que liga Tripoli aos subúrbios ocidentais, noticiou a agência francesa AFP.
Os protestos realizaram-se sem intervenção das forças de segurança, que não foram vistas nos vários locais da cidade onde os jovens se reuniram, segundo a mesma fonte.
Os manifestantes protestam contra os cortes de energia, que duram em média 12 horas por dia no meio de uma onda de calor, e contra a negligência das elites políticas num país dividido, exigindo o seu afastamento.
Os protestos iniciaram-se na sexta-feira, com a invasão do parlamento em Tobruk, após o fracasso de nova ronda de negociações entre campos rivais.
A ONU condenou o ataque ao parlamento de Tobruk, considerando inaceitáveis os actos de vandalismo e os distúrbios ali ocorridos.
Os protestos dos últimos dias também ocorreram em Bengazi, Sirte, Sheba e Zawiya.
A Líbia tem estado numa situação de caos político e económico desde o derrube do regime de Muhammar Kadhafi, em 2011.
O parlamento de Tobruk é um dos símbolos da divisão da Líbia entre um campo baseado no leste do país, liderado pelo marechal Khalifa Haftar, e o governo de salvação nacional, com sede em Tripoli.
Os apoiantes de Haftar têm bloqueado as principais instalações petrolíferas desde meados de Abril, como meio de pressão para afastar o executivo de Tripoli.
Em Fevereiro, o parlamento de Tobruk designou Fathi Bachagha como primeiro-ministro paralelo a Abdelhamid Dbeibah, chefe do Governo de Unidade Nacional.
Além dos cortes crónicos de energia, os manifestantes queixam-se da inflação e das longas filas de espera nas estações de serviço, apesar de o país possuir as reservas de petróleo mais abundantes de África.
As eleições presidenciais e legislativas que estavam previstas para Dezembro de 2021, para encerrar um processo de paz patrocinado pela ONU após a violência em 2020, foram adiadas 'sine die' devido às fortes divergências entre rivais políticos e tensões no terreno.
A última ronda de negociações na ONU entre as facções rivais terminou na quinta-feira, 30 de Junho, sem um acordo sobre uma estrutura constitucional que permita a realização de eleições.