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Industrialização – Um calcanhar de Aquiles para África

     África              
  • Luanda • Terça, 19 Novembro de 2024 | 20h13
Mapa de África
Mapa de África
Divulgação

Luanda – África celebra esta quarta-feira, 20 de Novembro, o dia consagrado à sua industrialização, numa altura em que boa parte dos países do continente ainda estão muito longe de alcançar esse desiderato.

Por Catarina Silva, jornalista da ANGOP

A data, comemorada anualmente,  foi instituída pelas Nações Unidas, em 1989, através da resolução 44/237, com o objectivo de mobilizar a comunidade internacional para a industrialização do continente africano.

Hoje, mais de três décadas depois, África tem no desafio da sua industrialização um autêntico calcanhar de Aquiles, sendo o continente menos industrializado do mundo, representando apenas 1% da produção industrial global.

O desenvolvimento industrial é universalmente reconhecido como fundamental para o crescimento económico sustentado e inclusivo nos países africanos, sabendo-se que a indústria pode aumentar a produtividade e a capacidade da força de trabalho e gerar emprego.

Na sua intervenção, este ano, na XVI Cimeira empresarial EUA-África, em Dalas, o Presidente angolano, João Lourenço, destacou que o salto que o continente pretende dar e que já chega com atraso em comparação com outras regiões do planeta exige a criação de um bom ambiente de negócios para atrair cada vez mais o investimento privado.

Reconheceu a importância do investimento público e das parcerias público-privadas em infra-estruturas, para criar riqueza e emprego para as populações do continente.

Para o efeito, disse, as lideranças africanas vêm esforçando-se para alcançar o objectivo de silenciar as armas no continente, combater o terrorismo e as mudanças inconstitucionais de poder e consolidar a democracia.

Segundo o Chefe de Estado, o investimento privado é importante para a economia dos  países africanos que precisam de aumentar e diversificar a produção de bens de consumo e serviços, transformar as matérias-primas e diversificar os produtos de exportação.

Em 2023, numa mensagem alusiva ao Dia da Industrialização de África, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, disse, por seu turno, que acelerar a industrialização de África é vital para impulsionar o crescimento, diversificar as economias, fomentar a resiliência, aumentar o emprego e combater a pobreza.

No entanto, acrescentou, para ser bem-sucedida, a industrialização deve ser sustentável e inclusiva.

António Guterres entende que a aceleração da industrialização de África depende também da capacitação da mulher africana, sendo que o aumento da sua presença na indústria transformadora é a forma mais fiável de maximizar a produtividade e garantir que os benefícios do crescimento industrial cheguem às famílias e às comunidades dos seus trabalhadores.

Apelou para que se redobre dos esforços para eliminar todos os obstáculos que impedem as mulheres de participar e beneficiar do desenvolvimento industrial e da inovação tecnológica.

“As Nações Unidas estão fortemente empenhadas em acelerar estes esforços e em trabalhar em conjunto em toda África para alcançar os objectivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 2063 da União Africana”, assinalou.

Sonho à nascença

O economista zambiano Grieve Chelwa recorda, por exemplo, que o apelo à industrialização tem sido uma palavra de ordem dos países africanos desde a conquista das suas independências, a partir da década de 1960.

Sustenta que de Kwame Nkrumah (Ghana) a Julius Nyerere (Tanzânia) e Kenneth Kaunda (Zâmbia), muitos integrantes da primeira geração africana de líderes pós-coloniais tinham um forte apreço pelo papel que a industrialização desempenharia na emancipação total do continente.

Eles compreendiam a dependência económica de África como fruto dos “pecados originais” do imperialismo e do colonialismo, que condenaram o continente à posição de eternos provedores de matérias-primas baratas para os países ricos, em troca de produtos industrializados caros.

O rompimento com essa lógica colonial e imperial, ou seja, romper o jugo da dependência,  exigiria uma reorientação estrutural das economias africanas, passando da produção de matérias-primas à produção industrial, disse.

Além disso, a industrialização era vista como o meio que conduziria a um alto nível de emprego e a salários decentes para a grande maioria da população, cujas vidas foram desestruturadas pelo colonialismo e o imperialismo.

Realidade actual

Um  relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e de parceiros, de 2022, indica que  37 países africanos se industrializaram na última década.

Os países com melhor desempenho não são necessariamente aqueles com as maiores economias, mas sim os que geram um elevado valor acrescentado de produção per capita.

O relatório do Índice de Industrialização de África (AII) fornece uma avaliação a nível nacional dos progressos de 52 países africanos através de 19 indicadores-chave.

Estes indicadores abrangem o desempenho da indústria transformadora, o capital, o trabalho, o ambiente empresarial, as infra-estruturas e a estabilidade macroeconómica.

A África do Sul manteve uma classificação muito elevada ao longo do período 2010-2021, seguida de perto por Marrocos, que conservou o segundo lugar, em 2022.

Nos seis primeiros lugares estão igualmente o Egipto, a Tunísia, as ilhas Maurícias e o eSwatini.

Enquanto isso, o Níger, a República Centro-Africana (RCA), o Tchad, o Sudão do Sul, o Burundi, o Mali, a Eritreia, o Burkina Faso, a Serra Leoa e Moçambique são alguns dos países menos industrializados de África.

O BAD considera que, apesar de África ter mostrado progressos encorajadores na industrialização, durante o período 2010-2022, a pandemia da Covid-19 e a invasão russa da Ucrânia atrasaram os seus esforços e salientaram as lacunas nos sistemas de produção.

O continente tem uma oportunidade única de resolver esta dependência através de uma maior integração e conquista dos seus próprios mercados emergentes, afirmou o director  para o Desenvolvimento Industrial e Comercial, Abdu Mukhtar.

A União Africana (UA) comemora o Dia da Industrialização de África, desde 2018, dedicando uma semana ao tema.

O continente africano é formado por 54 países, distribuídos em cinco regiões (África do Norte, África Austral, África Central, África Ocidental e África Oriental).

Com cerca de 30,3 milhões de quilómetros quadrados, incluindo ilhas adjacentes, o continente cobre 20% da área terrestre da Terra e 6% da sua superfície total.

Com quase 1,4 bilião de pessoas, em 2021, representa cerca de 18% da população humana mundial.CS/IZ

 





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