Induna português oferece o seu 'melhor dia do ano' ao rei zulu

     África           
  • Luanda     Segunda, 19 Abril De 2021    12h08  
Bandeira da África do Sul
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KwaZulu-Natal - José de Castro, de 78 anos, escolheu o Palácio Real de Khethomthandayo, a mais de 800 metros de altitude no Reino do KwaZulu-Natal, para oferecer o seu "melhor dia do ano" ao rei Goodwill Zwelithini KaBhekuzulu, recentemente falecido.

Acompanhado de três vacas Nguni e seis ovelhas, os portões do Palácio Real no cimo da majestosa montanha de KwaNongoma ['lugar do advinho' em isiZulu], onde o monarca Zulu habitou com a sua primeira mulher, abriram-se para receber o induna (que em zulu significa conselheiro ou embaixador) português "junto ao céu" para prestar homenagem próximo ao local onde o rei foi "plantado" após a sua morte, no mês passado.

"É como ir a Fátima", disse o empresário português, natural da Madeira, com a voz emocionada e de lágrimas nos olhos, ao explicar que decidiu também fazer da homenagem a celebração do seu 78.º aniversário esta semana, no Reino do KwaZulu-Natal, onde que há mais de três décadas é considerado pela Família Real amaZulu, o maior grupo étnico na África do Sul, como um "grande amigo" e "pessoa de enorme coração".

"Fiz questão de vir cá apresentar-lhe as minhas condolências e fazer a minha homenagem ao meu irmão e à Família Real", disse José de Castro à rainha Dlamini, que vestia véu comprido, ao ser recebido pela primeira mulher do falecido monarca dos amaZulu.

A monarca zulu, que cumpre um período de luto restrito por três meses, agradeceu a homenagem e fez questão de mandar servir uma refeição com as melhores carnes no Palácio a José de Castro e à sua comitiva, que integrou uma princesa da Família Real Zulu.

Seguiu-se depois um encontro à sombra de uma majestosa árvore com os príncipes Mbonisi, Welcome e Thulani Zulu, irmãos do falecido monarca, juntamente com o agrónomo Sipho Zenda, gestor agrícola e conselheiro do monarca desde a década de 1970.

"Como Induna, decidi que viria cá fazer as minhas adorações às rainhas pelo falecimento do rei e também homenagear o rei, com uma vaca que deixo aqui no Palácio para a rainha Dlamini", explicou José de Castro, acrescentando que também vai entregar uma vaca ao príncipe Buthelezi, outra à rainha regente Manteombi, assim como seis ovelhas para os seis Palácios.

No encontro, José de Castro falou com muita emoção sobre a amizade que durante mais de três décadas o uniu ao rei dos amaZulu, destacando uma viagem a Portugal, que organizou na década de 1990 para o rei Goodwill Zwelithini e a rainha Manteombi Shiyiwe Zulu, irmã do monarca da Suazilândia (atual Essuatíni), em que também visitaram o Santuário de Fátima para acender em conjunto uma vela por cada elemento das duas famílias.

"Depois da visita a Portugal, o rei convocou-nos para dizer que a visita a Fátima tinha sido a melhor coisa que fez em toda a sua vida", afirmou o português.

Em Abril de 1999, o rei Zwelithini e a rainha Manteombi Shyiwe Zulu visitaram também a Sociedade Portuguesa de Beneficiência, a convite de José de Castro, tal como refere uma placa comemorativa ainda hoje patente na instituição benemérita em Joanesburgo.

"Somos família", declarou o príncipe Mbonisi Zulu, após a intervenção de José de Castro, em KwaNongoma.

No final da reunião de família com o Induna português zulu, Mbonisi Zulu acrescentou ainda à Lusa: "Estamos muito gratos pela amizade do Sr. Castro, que acompanhou o rei em várias ocasiões fora do país, incluindo Portugal, e que sempre visitou os nossos palácios, como o fez hoje".

"É uma grande honra para nós, como Família Real Zulu, em nome do falecido rei, e apreciamos as suas orações aqui, e o respeito pela Família Real e por toda a Nação Zulu e por todo o continente, porque o nosso rei, o falecido rei, era um rei de todos, amava toda gente", salientou.

"Agradecemos a todos aqueles que podem orar por nós, para mantermos a nossa força e liderarmos o caminho como o rei liderava esta nação, para aprender com o que nos ensinou e também para crescer a partir daí porque ele deixou o seu legado, e nós precisamos de dar continuidade ao seu legado", disse o príncipe Mbonisi.

Questionado pela Lusa sobre o futuro do Reino amaZulu, tendo em conta a intenção anunciada pelo Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder na África do Sul, de expropriar as terras dos amaZulu, Mbonisi referiu que é preciso "dar continuidade à visão do rei sobre a questão da terra, que era o desejo dos seus antepassados" e que passa por "manter a terra com o povo".





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