Nova Iorque - O secretário-geral da ONU, António Guterres, recomenda a criação de uma "componente de observadores" do fim das hostilidades na missão MANUL na Líbia, paralelamente ao "mecanismo de vigilância do cessar-fogo" dirigido e controlado pelos líbios, num relatório divulgado hoje.
No documento, datado de 22 de Março, entregue ao Conselho de Segurança, António Guterres não precisa o número de observadores da ONU necessários.
Guterres apela ao Conselho de Segurança para dar à Missão de Apoio das Nações Unidas à Líbia "um mandato claro, mas flexível, apoiado por recursos adicionais" para que a ONU possa apoiar o "estabelecimento na Líbia de observadores da MANUL".
Estes "eventualmente operariam em Sirte e arredores, assim como noutras zonas, caso necessário", adianta.
A proposta é que "a componente de vigilância do cessar-fogo da MANUL não seja integrada no mecanismo de vigilância do cessar-fogo dirigido e controlado pela Líbia, mas trabalhe em estreita coordenação com a Comissão militar conjunta (5+5 líbia) e os subcomités conjuntos", segundo Guterres.
"O papel dos observadores da MANUL limitar-se-á à vigilância das violações do acordo assinaladas ao mecanismo de vigilância do cessar-fogo pelos observadores nacionais e outras fontes locais", precisa o secretário-geral da ONU.
Adianta que a componente de observadores da MANUL "também contribuirá para a formação dos observadores nacionais".
"As partes líbias devem comprometer-se em proteger em qualquer momento o pessoal, o equipamento e as instalações da Organização das Nações Unidas", exige António Guterres.
O responsável da ONU também não indica o número dos observadores da organização que poderão ficar à disposição do "mecanismo de vigilância do cessar-fogo dirigido e controlado pela Líbia", sediado em Sirte (centro). Segundo diplomatas, poderão ser cinco a trabalhar com 10 líbios.
A expectativa dos líbios é que o mecanismo dê "prioridade à abertura da estrada costeira entre Sirte e Abu Qrein (cerca de 120 quilómetros), a que se seguirá a retirada dos combatentes estrangeiros e mercenários", indica.
Acrescenta que a contribuição para o dispositivo líbio por parte de organizações como a União Africana, União Europeia e Liga Árabe "deve ser dada por intermédio da Organização das Nações Unidas".
Depois da queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia mergulhou no caos, com divisões e lutas de influência no contexto de ingerências estrangeiras.
No início deste mês foi aprovado pelo parlamento um novo governo de unidade, nascido de um processo mediado pela ONU, e que tem por missão conduzir o país até às eleições nacionais a 24 de Dezembro.