Malabo - O partido do Presidente da Guiné Equatorial obteve 99,7 por cento dos votos que já foram escrutinados, numa altura em que a contagem provisória já abarcou 22 por cento das mesas de voto das eleições presidenciais, legislativas e municipais.
De acordo com os resultados apresentados pelo ministro do Interior e Assuntos Locais, Faustino Ndong Esono Ayang, os resultados provisórios apontam para 67.012 votos para o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), dos 67.196 votos contados até agora.
Depois, surge a Convergência para a Democracia Social (CPDS), com 152, e a Coligação Social Democrata Baboro (PCSD), com 32 votos recolhidos nas 324 mesas de voto já escrutinadas, de um total de 1.486 mesas de voto.
"A contagem continuará durante o dia de amanhã (terça-feira), até que sejam verificados os resultados definitivos e finais", lê-se ainda na página do Governo, consultada hoje pela Lusa no seguimento das eleições de domingo.
O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que concorre a uma sexto mandato após 43 anos no poder, manifestou-se confiante na reeleição nas presidenciais de domingo, denunciadas como fraudulentas pela oposição.
"O Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) semeou muito e vai colher o que semeou nestas eleições", afirmou Obiang, depois de votar na capital, Malabo, acrescentando: "Estou seguro da vitória do PDGE".
Em breves declarações na televisão estatal, o Presidente afirmou, citado pela Efe, que o PDGE "tem demonstrado a sua capacidade e é o povo que decide", acrescentando que, por isso, "tem que apoiar massivamente o programa" do seu partido.
Antes, Andrés Esono, candidato da CPDS, único partido de verdadeira oposição autorizado, votou no bairro Alcaide de Malabo, na ilha de Bioko, e disse ter recebido "queixas de todos os cantos do país", com alegações de "fraude massiva" e irregularidades.
"Não está a deixar-se a população a votar livremente", disse.
Também o partido da oposição Cidadãos pela Inovação (CI) questionou a transparência das eleições presidenciais de hoje.
Teodoro Obiang, actualmente com 80 anos, governa desde 1979, na sequência de um golpe de Estado em que derrubou o seu tio e ditador Francisco Macias Nguema, e é o Presidente há mais tempo no poder em todo o mundo.
A Guiné Equatorial é o país africano com o maior Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita', e o terceiro maior exportador de petróleo do continente, mas a maior parte da sua riqueza continua concentrada nas mãos de poucas famílias, entre as quais, à cabeça e de longe, as da família Obiang Nguema.
De acordo com as Nações Unidas, menos de metade da população tem acesso a água potável e 20 por cento das crianças morre antes de completar cinco anos.
O país ocupa a 145.ª posição no mais recente Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas relativo a 2021, e mais de 80 por cento da população vive abaixo do limiar de pobreza, numa situação ainda mais degradada por efeito da queda das receitas petrolíferas a partir de 2014, da pandemia de covid-19 e devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.
A Guiné Equatorial aderiu à CPLP em 2014, mediante alguns compromissos, como a abolição da pena de morte - formalizada em Setembro deste ano -, a introdução do português e maior abertura democrática.