Cartum - O grupo paramilitar sudanês Força de Apoio Rápido (RSF) anunciou domingo de forma unilateral a extensão das tréguas que terminaram à noite do mesmo dia, para manter abertos os corredores humanitários e a retirada de civis.
"Em resposta aos apelos internacionais, regionais e locais, anunciamos a extensão da trégua humanitária por 72 horas, a partir da meia-noite" local (22h00 em Angola), disse o grupo num comunicado publicado no Twitter, citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.
Esta nova extensão das tréguas, a terceira de 72 horas desde que foi anunciada a primeira, no dia 24, tem como objectivo "abrir corredores humanitários e facilitar o movimento de cidadãos e residentes, permitindo satisfazer as suas necessidades e o acesso a áreas seguras", acrescenta o grupo para militar.
O Exército do Sudão ainda não reagiu a este anúncio, apesar de ter mandado hoje um enviado especial à Arábia Saudita para se reunir com as autoridades do país, que têm agido como mediadores no conflito.
O Sudão entrou este domingo no 16.º dia consecutivo de confrontos entre o exército e as paramilitares da RSF, um conflito que obrigou à volta de 50 mil sudaneses a deslocarem-se para zonas mais seguras do país ou a refugiarem-se em nações vizinhas como o Sudão do Sul, o Egipto ou o Tchad, e que já fez cerca de 530 mortos e mais de 4.500 feridos.
As duas partes envolvidas no conflito iniciaram sexta-feira uma trégua de 72 horas mediada pelos Estados Unidos da América e a Arábia Saudita para facilitar a retirada de estrangeiros no Sudão e abrir corredores seguros para a entrada de ajuda humanitária.
Nos últimos dias, apesar de terem sido anunciadas tréguas, têm-se verificado combates de baixa intensidade.
Os combates que começaram em grande escala há duas semanas seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição, e opõem o exército do general Abdel Fattah al-Burhan e as RSF, leais ao general Mohamed Hamdane Daglo, conhecido como "Hemedti".
Ambas as forças estiveram por detrás do golpe de Estado conjunto que derrubou o executivo de transição do Sudão, em Outubro de 2021. JM