Addis Abeba - O Primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, anunciou hoje (terça-feira) a criação de um comité para manter conversações de paz com a Frente Popular para a Libertação de Tigray sobre o conflito que deflagrou em Novembro de 2020 naquela região.
Em declarações no Parlamento, Abiy disse que "foi criado um comité para negociar" com a Frente Popular para a Libertação de Tigray (TPLF, na sigla em inglês) e acrescentou que, "quando terminarem os trabalhos, serão tornados públicos".
Negou ainda as especulações sobre o início de contactos directos com o grupo rebelde, segundo o canal de televisão etíope Fana.
O chefe do Governo considerou que a TPLF "é uma inimiga da Etiópia" e denunciou que o conflito deflagrou devido às tentativas do grupo de "usar a força para derrubar o Governo".
Apesar disso, defendeu a necessidade de "dar a paz como herança aos filhos" e frisou que "um país não pode crescer através da guerra".
"Não queremos guerra com ninguém", afirmou Abiy, defendendo que "o interesse da Etiópia é evitar o conflito".
Nesse sentido, recordou o acordo alcançado com a Eritreia para pôr fim à guerra, que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz em 2019.
O conflito na Etiópia eclodiu em Novembro de 2020 após um ataque da TPLF contra a principal base do Exército, localizada em Mekelle, após o qual o primeiro-ministro ordenou uma ofensiva contra o grupo após meses de tensões políticas e administrativas.
Uma "trégua humanitária" está actualmente em vigor, embora ambos os lados se acusem mutuamente de impedir a entrega de ajuda.
A TPLF acusou Abiy de aumentar as tensões desde que chegou ao poder em Abril de 2018, quando se tornou o primeiro Oromo a assumir o cargo.
Até então, a TPLF tinha sido a força dominante dentro da coligação de base étnica que governava a Etiópia desde 1991, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (EPRDF).
O grupo opôs-se às reformas de Abiy, vendo-as como uma tentativa de minar a sua influência.