Ouagadougou - O governo do Burkina Faso ordenou hoje a suspensão 'sine die' da transmissão do France 24 no seu território, na sequência da emissão de uma entrevista ao líder da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), no canal de notícias.
"Ao abrir a antena ao primeiro responsável pela AQMI, o France 24 (...) oferece um espaço para legitimar as acções terroristas. O governo decidiu, portanto, com plena responsabilidade, e em nome do superior interesse da nação, a suspensão por tempo indeterminado da transmissão dos programas da France 24 em todo o território nacional", segundo um comunicado assinado pelo porta-voz do governo, Jean-Emmanuel Ouedraogo.
No dia 06 de março, a France 24 transmitiu respostas escritas de Abou Obeida Youssef al-Annabi, chefe da AQMI, a 15 perguntas feitas pelo jornalista do canal francês e especialista em questões jihadistas, Wassim Nasr.
No início de Dezembro, as autoridades de Ouagadougou já tinham suspendido a emissão da Radio France Internationale (RFI), do mesmo grupo da France 24, France Médias Monde.
A RFI foi nomeadamente acusada de ter transmitido "uma mensagem de intimidação" atribuída a um "líder terrorista".
O Burkina Faso, governado por uma junta militar desde o golpe de Estado de Janeiro de 2022, contra o então presidente Roch Marc Christian Kaboré, vive uma insegurança crescente desde 2015.
A junta agora chefiada por Ibrahim Traoré, que protagonizou uma revolta em Setembro considerada com um "golpe palaciano" contra o até então líder, Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Desde 2015, o Burkina Faso vive uma espiral de violência perpetrada por grupos jihadistas ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaeda, que causaram um total de 10 mil mortos - civis e soldados - segundo Organizações Não Governamentais, e cerca de dois milhões deslocados.