Acra - O Ghana licenciou a vacina contra a malária desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido), tornando-se no primeiro país a imunizar crianças entre os 5 e os 36 meses de idade com este novo imunizante, foi hoje anunciado.
O documento indica que a vacina será fabricada e comercializada pelo Serum Institute of India (o maior produtor mundial de vacinas), pelo que pode ser produzida em grande escala e a baixo custo, permitindo "a entrega de centenas de milhões de doses a países africanos com um peso significativo de malária".
Acrescenta que foi já criada uma capacidade de produção de "mais de 200 milhões de doses por ano".
A vacina, denominada "R21/Matrix-M", foi submetida a ensaios clínicos no Reino Unido, Tailândia e vários países africanos, incluindo um ensaio em curso da fase III no Burkina Faso, Quénia, Mali e Tanzânia, no qual foram inscritas 4.800 crianças. Espera-se que os resultados destes ensaios sejam comunicados "ainda este ano".
Foram demonstrados elevados níveis de eficácia e segurança nestes ensaios da fase II, incluindo entre as crianças que receberam uma dose de reforço da vacina, um ano após um regime primário de três doses.
Também cumpriu o objectivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de apresentar pelo menos 75% de eficácia.
"Isto marca o culminar de 30 anos de investigação da vacina contra a malária na Universidade de Oxford, com a concepção e entrega de uma vacina altamente eficaz que pode ser entregue à escala nos países que mais precisam dela", disse Adrian Hill, investigador principal do programa "R21/Matrix-M" e director do Instituto Jenner, na Universidade de Oxford.
Os criadores e produtores da vacina esperam que a sua vacina seja "um passo decisivo para reduzir mais de meio milhão de mortes anuais relacionadas com a malária e melhorar a saúde de milhões de pessoas em África e não só".
"A malária é uma doença potencialmente mortal que afecta desproporcionadamente as populações mais vulneráveis da nossa sociedade e continua a ser uma das principais causas de morte infantil", referem.
O desenvolvimento de "uma vacina que terá um grande impacto sobre este enorme fardo da doença tem sido um desafio extraordinário", disse o administrador do Instituto Serum da Índia, Adar Poonawalla.
A vacina contém a "Matrix-M" da Novavax, um adjuvante que reforça a resposta do sistema imunitário, tornando-a mais potente e mais duradoura. O "Matrix-M" estimula a entrada de células antigénicas no local da injecção e melhora a apresentação antigénica nos gânglios linfáticos locais. Esta tecnologia também tem sido utilizada na vacina contra a covid-19 da Novavax e é um componente-chave de outras vacinas em desenvolvimento.
"Estamos encantados por o adjuvante 'Matrix-M' ter contribuído para o sucesso desta promissora e muito necessária vacina contra a malária. Pretendemos desbloquear o potencial do nosso adjuvante, tanto a curto prazo como ao longo do tempo, para melhorar ainda mais a saúde pública", disse o presidente e administrador da Novavax, John C. Jacobs. JM