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FAO "procura urgentemente" 115 milhões para apoiar população sudanesa

     África              
  • Luanda • Terça, 12 Setembro de 2023 | 14h49
Logotipo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
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Roma - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) "procura urgentemente financiamento" 115 milhões de euros para apoiar a população do Sudão, afectada pela guerra desde Abril, anunciou hoje a organização da ONU em Roma.

De acordo com um relatório da FAO, cerca de 20,3 milhões de sudaneses, ou seja, mais de 42% da população, estão em situação de insegurança alimentar grave, quase o dobro do número registado em Maio de 2022. Deste número, cerca de 6,3 milhões de pessoas - 13 por cento da população - estão em níveis de emergência.

A FAO lançou um plano de resposta de emergência para prestar ajuda às comunidades do Sudão afectadas pela guerra que eclodiu em 15 de Abril entre o exército e as Forças de Apoio Rápido (FAR, paramilitares), devido a divergências sobre a integração destas últimas nas forças armadas.

A organização pretende chegar a 10,1 milhões de agricultores com sementes, gado, apoio veterinário e reforço da adopção de boas práticas agrícolas, para o que pede 123 milhões de dólares (114,7 milhões de euros).

Quatro meses após o início dos combates, o conflito estendeu-se à região do Darfur e a partes dos Estados do Cordofão e do Nilo Azul, reacendendo a violência inter-comunitária e provocando deslocações generalizadas", explica a agência no relatório.

"Os combates continuam a ameaçar a segurança alimentar e a nutrição de milhões de pessoas, agravando um ecossistema já de si muito frágil", afirma a FAO, acrescentando que "a destruição de infra-estruturas críticas, incluindo sistemas de água e redes de comunicações, está a ter impactos devastadores em todo o Sudão".

No texto sublinha-se que "a utilização de tanques, artilharia e bombardeamentos está a causar a destruição de infra-estruturas vitais, incluindo casas, infra-estruturas de comunicações, empresas, hospitais e bancos, impedindo simultaneamente a reabilitação ou o acesso a infra-estruturas e serviços essenciais".

O número de pessoas deslocadas internamente aumentou "dramaticamente", com cerca de 4,4 milhões de deslocados e um milhão de refugiados, recorda o relatório, assinalando o "grande impacto" no sector agrícola da deslocação massiva das populações.

À circunstância da guerra junta-se a dos "preços elevados e a escassez de materiais essenciais, como combustível, sementes e fertilizantes", acrescenta-se no relatório.

A agência afirmou ainda que a violência sexual baseada no género "aumentou significativamente" desde o início do conflito e avisou que, "à medida que o conflito no Sudão continua sem qualquer indicação de cessação, a situação humanitária em todo o país continua a deteriorar-se".

"Milhões de pessoas no Sudão estão a enfrentar uma batalha pela sobrevivência em face ao agravamento da crise de segurança alimentar", disse o representante da FAO no Sudão, Hongjie Yang, citado no texto.

O Sudão mergulhou no caos há cinco meses, quando se transformaram em guerra aberta as tensões há muito latentes entre os militares, liderados pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as FAR, comandadas por Mohamed Hamdan Dagalo, ex-número 2 no Conselho Soberano - a junta militar que tomou o poder no país no golpe que depôs o antigo ditador Omal al-Bashir em Abril de 2019.

Os combates reduziram a capital do Sudão, Cartum, a um campo de batalha urbano, sem que nenhuma das partes tenha conseguido obter o controlo da cidade.

Na região ocidental do Darfur - palco de uma campanha genocida no início da década de 2000 - o conflito transformou-se em violência étnica, com as FAR e milícias árabes aliadas a atacarem grupos étnicos africanos, segundo grupos de defesa dos direitos humanos e as Nações Unidas. JM



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