Ouagadougou - O ex-presidente do Burkina Faso Blaise Compaoré, julgado à revelia e condenado a prisão perpétua pelo assassínio em 1987 do seu antecessor, Thomas Sankara, "pediu perdão" à família deste, numa mensagem divulgada hoje, terça-feira.
"Peço desculpas ao povo de Burkina Faso por todos os actos que possa ter cometido durante o meu magistério e mais particularmente à família do meu irmão e amigo Thomas Sankara", lê-se na mensagem lida pelo porta-voz do governo burquinabe, Lionel Bilgo.
"Assumo e lamento do fundo do meu coração todo o sofrimento e drama vivido por todas as vítimas durante os meus mandatos à frente do país e peço às suas famílias que me concedam o seu perdão", prossegue a mensagem.
Blaise Compaoré, de 71 anos, chegou ao poder em 1987 após um golpe que custou a vida do então Presidente Thomas Sankara.
Em Abril passado, Compaoré foi julgado e condenado à revelia a prisão perpétua pelo papel que desempenhou no assassínio de Sankara.
Forçado pelos protestos populares a fugir do país em 2014, vive desde então na Côte d’Ivoire, mas foi autorizado a regressar brevemente por alguns dias ao país no início de Julho, sem ser detido.
O breve regresso ao país foi feito a convite do tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, actual Presidente de transição que chegou ao poder num golpe de Estado em Janeiro, com o objectivo de "selar a reconciliação nacional" perante os ataques fundamentalistas islâmicos que atingem o país.
Depois de conhecer o novo homem forte do país, Compaoré deu sinais de aproximação.
Expressando a "sua profunda gratidão" às autoridades de transição, ele pediu na sua mensagem aos burquinabes "uma união sagrada, tolerância, contenção, mas acima de tudo perdão, para que os interesses superiores da Nação prevaleçam".
A sua visita em Julho desencadeou uma enxurrada de críticas de políticos e da sociedade civil, que achavam que a reconciliação não deveria ser sinónimo de impunidade.