Cartum - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, avisou hoje os generais adversários do Sudão para respeitarem o mais recente cessar-fogo, sob pena de possíveis sanções, devido a relatos de combates em Cartum e numa cidade do norte do país.
Os dois generais, Abdel Fattah al-Burhan, que lidera as forças armadas regulares, e Mohamed Hamdan Dagalo, que chefia as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF), são os protagonistas de acesos combates desde 15 de Abril, extensivos a todo o país mas dominantes na capital, Cartum.
As Nações Unidas estimam que o conflito causou até agora cerca de 1.000 mortos e o deslocamento forçado de mais de um milhão de pessoas das suas áreas de residência.
Numa mensagem de vídeo publicada hoje pela embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) nas redes sociais, Blinken afirmou que os combates foram "trágicos, sem sentido e devastadores".
O cessar-fogo, de sete dias, foi acordado na cidade portuária saudita de Jeddah, com a mediação da Arábia Saudita e dos Estados Unidos e, segundo Blinken, visa permitir a entrega de assistência humanitária e restaurar os serviços essenciais e as infraestruturas destruídas nos confrontos.
Blinken acrescentou que foi criado um mecanismo remoto, apoiado pelos EUA, para monitorizar a trégua, um comité de monitorização com 12 membros, composto por três representantes por cada uma das duas partes beligerantes, três dos EUA e três da Arábia Saudita.
"Se o cessar-fogo for violado, nós saberemos e responsabilizaremos os infratores através de sanções e outros meios", assegurou, acrescentando: "Facilitámos o cessar-fogo, mas é da responsabilidade das Forças Armadas Sudanesas e das Forças de Apoio Rápido aplicá-lo".
Ambas as partes concordaram em cessar as hostilidades e a pilhagem de propriedades civis e de bens humanitários, bem como a apreensão de infraestruturas civis como hospitais, centrais elétricas, bombas de água e estações de combustível.
Residentes em Cartum e Obeid referiram a existência de combates entre os dois beligerantes, com vários bombardeamentos e confrontos.
De acordo com a agência EFE, a capital sudanesa está desde segunda-feira à noite a assistir a bombardeamentos aéreos no sul e no noroeste, havendo relatos de confrontos entre o exército e as RSF em vários pontos da capital.DSC