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Etiópia cria novo imposto para compensar fim do financiamento da USAID

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  • Luanda • Quinta, 20 Março de 2025 | 17h29
Bandeira da Etiópia
Bandeira da Etiópia
Divulgação

Adis Abeba - O parlamento da Etiópia aprovou hoje um novo imposto para todos os trabalhadores como parte das medidas para preencher a lacuna financeira deixada pela suspensão do financiamento da agência de desenvolvimento dos EUA, a USAID.

A Etiópia, com mais de 125 milhões de habitantes, foi o maior beneficiário da ajuda dos EUA na África Subsaariana, tendo recebido cerca de 1,6 mil milhões de euros (1 euro equivale a 1037 kz) no ano financeiro de 2023, avança a Lusa, no Minuto ao Minuto.

Para além de alimentos, os fundos eram destinados a medicamentos para o VIH, vacinas, programas de alfabetização e criação de emprego, bem como ajudas para um milhão de refugiados acolhidos pela Etiópia.

A maioria destes programas foi interrompida. Os funcionários da USAID que os supervisionavam foram colocados em licença administrativa e aconselhados a não trabalhar, pois enfrentam a ameaça de despedimento.

A aprovação da taxa para suprir parte da ajuda que vinha dos Estados Unidos ocorre no mesmo dia em que primeiro-ministro, Abiy Ahmed, foi ao parlamento onde fez uma série de anúncios, entre eles a inauguração da Grande Barragem do Renascimento (GDR) "nos próximos seis meses", um projecto que tem sido fonte de tensão com os seus vizinhos, nomeadamente com o Egipto.

Na sua intervenção Abiy Ahmed excluiu a possibilidade de invadir a vizinha Eritreia para tentar obter uma saída para o Mar Vermelho, defendeu o diálogo para alcançar esse objectivo, mas alertou para o risco de um novo conflito na região de Tigray, no norte do país, onde confrontos entre duas facções do partido no poder estão a ameaçar um frágil acordo de paz.

Sobre este último alerta, Abiy Ahmed advertiu que alguns indivíduos da região norte de Tigray podem tentar desencadear um novo conflito contra o governo federal do país, aproveitando a instabilidade e os desafios de segurança em outras regiões, como a vizinha Amhara.

De notar que a União Africana (UA) expressou, na sexta-feira, a sua "profunda preocupação" com a situação no norte do país.

A Etiópia enfrenta conflitos recorrentes em algumas das suas regiões, incluindo Tigray, que está a recuperar de um conflito de dois anos, Amhara e Oromia.

Desde que chegou ao poder em 2018, Abiy Ahmed tem procurado estreitar os laços com a Eritreia, culminando num acordo de paz nesse ano para pôr fim a quase 20 anos de "estado de guerra", pacto pelo qual o primeiro-ministro foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2019.

A reaproximação também levou à participação da Eritreia na guerra de Tigray (2020-2022), onde apoiou o governo federal etíope contra os rebeldes daquela região.

No entanto, a pressão da Etiópia para aceder ao mar gerou fricções, uma vez que a Eritreia encara esta exigência com desconfiança.

A Etiópia procurou, entretanto, rotas marítimas alternativas e, em Janeiro de 2024, assinou um acordo com a região separatista somali da Somalilândia para garantir o acesso ao Mar Vermelho através de uma base naval.

A Somália argumentou que o acordo era nulo e sem efeito e considerou que a Etiópia tinha violado a sua soberania e integridade territorial.

O diferendo estremeceu as relações entre a Etiópia e a Somália e ameaçou um conflito no Corno de África, até que, em Dezembro de 2024, a Turquia mediou e os dois países vizinhos chegaram a um acordo para normalizar as relações bilaterais. AM

 





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