Adis Abeba - O Governo etíope anunciou na noite de quinta-feira novas restrições à divulgação de informações sobre a guerra civil, cujos os rebeldes ameaçam marchar sobre a capital, Adis Abeba.
Foi decretado que agora é "proibido divulgar, através de qualquer meio de comunicação, qualquer movimento militar consequente [da guerra] no campo de batalha" que não tenha sido oficialmente publicado pelo Governo.
"As forças de segurança tomarão as medidas necessárias contra aqueles que forem apanhados a violar este decreto", prossegue o texto, possivelmente visando as contas dos meios de comunicação social que relatam ganhos territoriais reivindicados pelos separatistas da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).
A natureza destas "medidas" não foi especificada pelo executivo.
O Governo também proibiu a população de "utilizar diferentes tipos de plataformas de meios de comunicação para apoiar directa ou indirectamente o grupo terrorista".
Sob estado de emergência declarado no início de Novembro, as autoridades podem, entre outras coisas, suspender os meios de comunicação social suspeitos de "prestar apoio moral direto ou indireto" à TPLF.
O novo decreto também proíbe os apelos a "um Governo de transição".
Na quarta-feira, o partido Oromo, o Congresso Federalista Oromo (OFC), apelou à cessação das hostilidades e ao estabelecimento de uma "administração provisória" que abriria negociações com todas as partes para formar um "Governo de transição nacional totalmente inclusivo".
A guerra em Tigray começou em Novembro de 2020 quando o primeiro-ministro etíope enviou para a região o exército para retirar as autoridades da TPLF, que desafiaram a sua autoridade e que foram acusados de atacar bases militares.
Abiy declarou a vitória três semanas mais tarde após a captura da capital regional, Mekele.
Todavia, em Junho, a TPLF retomou a maior parte de Tigray e continuou a sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar, ameaçando agora Adis Abeba.
Os combates já mataram milhares e levaram centenas de milhares de pessoas a condições de carência, nomeadamente de fome, segundo as estimativas das Nações Unidas (ONU).