Dakar - A Comissária da União Africana, Josefa Correia Sacko, reafirmou em Dakar, Senegal, que a iniciativa para os Solos em África e o mecanismo para financiar o plano de acção coloca uma via clara para se alcançar a produtividade agrícola sustentável e a soberania alimentar em África.
A diplomata , que intervinha na 11ª Conferência das partes interessadas sobre a domesticação e implementação do plano de acção para os fertilizantes e a saúde dos solos, considerou que a declaração de Nairobi e o plano de acção decenal (2024-2034) constituem a importância crítica de abordar a degradação do solo e as ineficiências na utilização de fertilizantes.
Sublinhou que a agricultura é a “espinha dorsal” do continente africano, sustentando os meios de subsistência de milhões de pessoas e contribuindo significativamente para o desenvolvimento económico.
No entanto, segundo a diplomata, os solos estão sob pressão, a utilização de fertilizantes é inadequada e a sua eficácia continua a ser baixa, e os quadros políticos necessários para fazer face a estes desafios são mal aplicados.
“A Cimeira Africana sobre fertilizantes e saúde do solo (AFSH), realizada em Maio deste ano, em Nairobi, foi um momento marcante para o continente. Nela se reafirmou a importância crítica de abordar o papel crucial que os fertilizantes e a saúde dos solos desempenham na transformação da agricultura africana”, frisou .
Salientou que a União Africana (UA) tem defendido consistentemente uma abordagem localizada e inclusiva do desenvolvimento para o sucesso do plano de acção para os fertilizantes e a saúde do Solo depende muito da capacidade dos governos, instituições de investigação, actores do sector privado e parceiros de desenvolvimento para colaborarem na tradução desta estratégia abrangente em acções concretas.
Josefa Sacko disse que a domesticação não consiste apenas na adopção de um quadro, mas na sua adaptação às realidades locais.
“Isto requer uma forte vontade política, parcerias bem coordenadas e recursos adequados. Mais importante ainda requer a liderança das instituições de investigação e dos decisores políticos africanos para garantir que as nossas intervenções sejam baseadas em provas e respondam às necessidades específicas dos nossos agricultores e comunidades”, reforçou a sua posição.
Informou que o pilar de política e advocacia do AFSH-AP (sigla em inglês) reconhece que o estabelecimento de um ambiente político favorável é fundamental para aumentar as iniciativas de saúde do solo e garantir que a utilização sustentável de fertilizantes se torne a norma em todo o continente.
De acordo com a Comissária da UA, para se conseguir tal feito é necessário promover uma colaboração profunda entre as partes interessadas, utilizar os recursos locais e reforçar a capacidade das instituições para liderar o caminho.
Na última cimeira africana sobre fertilizantes, que decorreu em Nairobi (Quénia), recomendou-se aos Governos africanos a triplicação da produção e distribuição interna de fertilizantes, com vista a acelerar o crescimento agrícola em África.
O evento defendeu igualmente a implementação de acções concretas para inverter a degradação da terra e restaurar a saúde do solo em pelo menos 30 por cento, bem como garantir que 70% de pequenos agricultores tenham acesso aos serviços de extensão e assessoria de qualidade sobre fertilizantes.CS