Argel - O escritor franco-argelino Boualem Sansal, envolvido numa crise diplomática sem precedentes entre Argelia e França, foi condenado nesta quinta-feira a cinco anos de prisão por minar a integridade territorial do território argelino, noticiou a AfricaNews. 

O tribunal de Dar El Beida, perto de Argel, também o multou em cerca de 4.000 dólares. O procurador tinha anteriormente solicitado uma pena de 10 anos para o escritor de 80 anos.  

O veredicto foi divulgado no meio de tensões crescentes entre a Argélia e a França, descritas como as piores em décadas.

A detenção de Sansal em Novembro de 2024 agravou as relações, sobretudo depois do Presidente francês Emmanuel Macron ter apoiado o plano de autonomia de Marrocos para o Sahara Ocidental.  

O advogado francês François Zimeray pediu ao Presidente argelino Abdelmadjid Tebboune que mostrasse humanidade, destacando a idade e a saúde de Sansal. 

O escritor apoiou a alegação de Marrocos de que as terras da Argélia foram tomadas durante a colonização francesa.  

A Argélia, que apoia as reivindicações de independência da Frente Polisário sobre o Sahara Ocidental, chamou o seu embaixador em França após a posição de Macron.

A medida aprofundou as tensões da Argélia com Marrocos, com os laços diplomáticos quebrados desde 2021.  

Apesar das tensões persistentes desde que a Argélia conquistou a independência da França numa guerra sangrenta, há mais de 60 anos, os países têm cooperado em questões como a segurança, migração e o comércio. 

Mas as relações deterioraram-se sob o comando do Presidente francês Emmanuel Macron e do Presidente argelino Abdelmadjid Tebboune. 

 Macron acusou o governo militar da Argélia de utilizar o “ódio à França” como princípio central de governo.

No ano passado, Macron enfureceu a Argélia ao mudar a posição da França para apoiar o plano de Marrocos para o disputado Sahara Ocidental, oferecendo ao território disputado uma autonomia limitada em vez de independência ou o referendo sobre a autodeterminação que a Argélia e a Frente Polisário, pró-independência, há muito exigem. DSC/AM