O candidato Delfim Neves, terceiro mais votado na primeira volta das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe, disse que vai "observar a luta entre os outros candidatos" e pondera "fazer uma campanha de abstenção" na segunda volta.
Segundo o site Visão que sita a Lusa, Delfim Neves, que é também presidente do parlamento são-tomense, reuniu segunda-feira os seus apoiantes, para anunciar que não seria candidato se o Tribunal Constitucional (TC) não anulasse as eleições realizadas em 18 de Julho.
Minutos depois foi divulgado o acórdão do TC que decidiu não anular as eleições e rejeitou a recontagem de votos solicitada por Delfim Neves. O candidato insiste que houve fraude, e por isso quer “descobrir a verdade” através do boicote à segunda volta.
“Se não se reconta agora, então há outra forma de nós descobrirmos. É estar a observar”, afirmou.
No escrutínio de 18 de Julho, a abstenção foi de 32,24%. O candidato apoiado pelo Partido de Convergência Democrática (PCD) teve 13.691 votos, correspondentes a 16,88 %, e pondera “fazer uma campanha de abstenção” na segunda volta para “descobrir qual é” o seu resultado.
“Eu sei que o trabalho foi feito. Não é aceitável trabalhar com uma equipa tão coesa, forte e com multidão, estando em primeiro lugar nas sondagens desde o primeiro dia da pré-campanha até à “boca de urna” e no dia de voto passar para o terceiro lugar. Isto não existe em nenhum país do mundo”, defendeu.
Fora das presidenciais, Delfim Neves, dirigente do partido PCD, que faz parte de uma coligação com cinco deputados no parlamento são-tomense, considera que “ninguém deve deixar perder o seu suor, a sua luta a custo zero”, por isso vai começar a preparar-se para as eleições legislativas de 2022.
Além do PCD, mais três partidos, sem assento parlamentar, apoiaram a candidatura de Delfim Neves à Presidência da República.
“Este movimento não pode parar nunca na vida. Vamos ter que organizar um processo de um movimento cívico para galvanizar os partidos todos que fizeram parte desta campanha, e que estão connosco, para os próximos passos”, frisou.
A nova data para a segunda volta das presidenciais que estava prevista para 08 de Agosto deverá ser conhecida nos próximos dias. Segundo a Comissão Eleitoral Nacional, será necessário que o parlamento são-tomense faça “uma alteração pontual à lei” para permitir a reajustamento do calendário eleitoral.
Com a rejeição da recontagem dos votos, o TC vai organizar as assembleias de apuramento geral e proclamar os resultados definitivos.
Resultados da primeira volta colocaram Carlos Vila Nova como o mais votado, com 39,47% dos votos, e Guilherme Posser da Costa ficou em segundo com 20,75%.