Abuja - A comissão eleitoral da Nigéria prolongou para este domingo o período de votação nas eleições presidenciais e legislativas em dois estados do país, devido à ocorrência sábado de vários incidentes, noticia a agência EFE.
Em causa estão os estados de Cross River, no sudeste do país, e de Bayelsa, no sul.
"Decidimos prologar este domingo a votação em Cross River, na zona da administração local de Bakassi", justifica, em comunicado o comissário eleitoral para este estado (sudeste do país), Gabriel Yomere, citado pelo jornal nigeriano Premium Times.
Também o comissário local do estado de Bayelsa (sul do país), Wilfred Ifoga, deu conta da decisão de prolongar para este domingo o prazo de votação, devido aos protestos dos eleitores pelas dificuldades em exercer o direito de voto.
No sábado, dia marcado para as eleições, os responsáveis da comissão eleitoral manifestaram a sua oposição a qualquer tipo de adiamento nas votações, mesmo com a existência de problemas técnicos e com a ameaça de violência.
Segundo adianta o Premium Times, a comissão eleitoral chegou mesmo a ameaçar cancelar os resultados eleitorais em partes do estado de Kogi (centro do país), citando o comissário local, na sequência de vários incidentes violentos na região este e oeste, com o roubo de boletins de voto.
Também vários observadores do Centro para o Desenvolvimento e para a Inovação Jornalística da Nigéria e outros grupos da sociedade civil denunciaram "práticas constantes de má conduta por parte dos secretários da comissão eleitoral e das assembleias de voto", acusando-os de chegar tarde aos centros de votação.
Já a organização Human Rights Watch (HRW) alertou para a existência de um "clima de insegurança generalizada", que afectou o acto eleitoral.
"Isso criou um clima de medo que pode desencorajar as pessoas de votar. Continua a existir preocupação com a violência que se verifica em todo o país. Violência que as forças de segurança não foram capazes de travar", afirmou a activista da HRW Anietie Ewang.
O grupo de monitorização Yiaga África também disse estar "profundamente preocupado" com os atrasos verificados no acto eleitoral e a empresa de análise SBM Intelligence registou no sábado "actos de intimidação e violência" em pelo menos 13 estados.
Perto de 94 milhões de eleitores nigerianos foram chamados no sábado às urnas para escolher o sucessor de Muhammadu Buhari, de 80 anos, que está no poder desde 2015 e se encontra impedido constitucionalmente de concorrer a um terceiro mandato.
Concorrem ao cargo de chefe de Estado 18 candidatos e, pelo menos, 4.223 pessoas aos 469 lugares na Assembleia Nacional, 109 senadores e 360 deputados à Câmara dos Representantes.
Pela primeira vez desde 1999, as eleições presidenciais podem vir a ser decididas em duas voltas, devido à popularidade crescente de um candidato alternativo aos dois partidos que historicamente disputam o cargo.
Bola Ahmed Tinubu, do Congresso de Todos os Progressivos (APC, na sigla em inglês, no poder), e Atiku Abubakar, do Partido Democrático Popular (PDP, maior partido da oposição), são os mais fortes candidatos de um sistema que se tem mantido estável desde o fim da ditadura militar em 1999.
Mas que, desta vez, é desafiado por um "forasteiro", Peter Obi, do Partido Trabalhista (LP), líder nas principais sondagens pré-eleitorais.
Os resultados eleitorais vão ser anunciados pelo INEC na próxima semana.
A Nigéria é o país mais populoso de África, com 222.182 milhões de pessoas, e quase 94 milhões de eleitores registados, dos quais quase 40% têm menos de 35 anos.
Apesar de ser a maior economia de África e um dos seus principais produtores de petróleo, a Nigéria encontra-se em crise económica.