Addis Abeba - Os dois principais partidos da oposição da Etiópia retiraram-se das eleições gerais, marcadas para 05 de Junho, depois de sofrerem diferentes obstáculos, cuja responsabilidade atribuíram ao primeiro-ministro, Abiy Ahmed.
O Congresso Federalista Oromo (OFC, na sigla em inglês) e a Frente de Libertação Oromo (OLF) anunciaram, separadamente, a sua retirada da corrida eleitoral a 04 e 09 de Março, respectivamente, embora as razões não fossem até agora conhecidas.
"Cinco membros do comité executivo do partido estão agora presos e mais de mil altos responsáveis estão também ilegalmente detidos em várias localidades da região de Oromia", disse o presidente do OFC, Merera Gudina, em declarações telefónicas à agência Efe.
Entre os principais líderes actualmente presos encontram-se Bekele Gerba e Jawar Mohammed, acusados em 2020 de crimes relacionados com terrorismo e de incitação a violência, depois de participarem nos protestos realizados em Julho na capital e na região de Oromia.
Estes protestos, devido ao assassinato do cantor oromo Hachalu Hundessa, deixaram mais de 200 pessoas mortas, segundo as forças de segurança.
Jawar Mohammed, altamente crítico de algumas políticas de Ahmed, e Gerba estiveram entre os mais de 9.000 detidos em operações consequentes.
De acordo com o presidente da OFC, o partido não pode realizar reuniões devido ao "encerramento ilegal" dos seus escritórios em vários locais da Oromia e foi "deliberadamente paralisado pelo Governo para não poder registar os seus candidatos e participar nas eleições".
Da mesma forma, Gudina lamentou que o prazo para a inscrição nas urnas tenha terminado na sexta-feira, o que coloca, tecnicamente, o partido fora da corrida eleitoral, algo por que culpa o primeiro-ministro.
Por outro lado, a OLF anunciou a sua retirada num comunicado divulgado na terça-feira, onde denunciou detenções maciças e ilegais dos seus membros, assim como assassinatos e o encerramento de alguns dos seus escritórios em vários pontos de Oromia.
"Estas são eleições cujo resultado está já predeterminado, não devem ser realizadas nestas condições", afirma o texto, citado pela Efe, acrescentando que "a única razão pela qual o Governo está determinado a realizá-las é para criar a impressão de que é eleito".
As eleições deveriam ter sido realizadas em Agosto passado, mas foram adiadas para 05 de Junho deste ano devido à pandemia de covid-19, pelo que os resultados deverão ser divulgados entre os dias 06 e 28 desse mês, segundo a comissão eleitoral etíope.