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Doença misteriosa na RDC pode ser malária associada a desnutrição

     África              
  • Luanda • Quinta, 19 Dezembro de 2024 | 18h54
Bandeira da República Democrática do Congo
Bandeira da República Democrática do Congo
Divulgação

Adis Abeba - Mais de dois terços dos pacientes com a doença misteriosa na República Democrática do Congo (RDC) testaram positivo para malária, anunciou hoje a agência de saúde pública da União Africana (UA).

Dos 29 testes PCR, 25 foram positivos, ou seja, 86,2% dos casos, enquanto dos 88 testes de diagnóstico rápido, 55 foram positivos, ou seja 62,5% dos casos, disse o epidemiologista Ngashi Ngongo, chefe do gabinete executivo dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (África CDC), numa conferência de imprensa 'online' a partir de Adis Abeba, na Etiópia.

Na sequência destes resultados, a agência de saúde pública está a considerar duas hipóteses para a chamada doença X, que até agora causou 592 casos, principalmente em crianças, e pelo menos 37 mortes: que se trata de "malária grave num contexto de desnutrição e infecção viral" ou uma "infecção viral num contexto de malária e desnutrição".

"É uma zona endémica de malária, mas também estão a ser exploradas outras opções", disse Ngongo sobre a doença, cujo epicentro se situa na zona de Panzi, na província do Kwango, a cerca de 700 quilómetros da capital, Kinshasa, embora as más condições das estradas façam com que a viagem possa demorar até três dias e dificultam o acesso das pessoas a alimentos e a bens de primeira necessidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), que enviou uma equipa de especialistas para a zona, já tinha apontado para uma possível ligação entre a malária e a desnutrição na semana passada, quando iniciou os seus estudos clínicos.

O agente patogénico continua a suscitar muitas questões, sobretudo depois de o África CDC ter recebido hoje a notícia de que um homem adulto que sofria da doença misteriosa morreu de uma doença hemorrágica, muito característica de vírus altamente mortais como o Ébola e o marburgo.

"A amostra da vítima mortal foi recolhida e enviada para Kinshasa", confirmou Ngongo, que garantiu que os primeiros resultados das análises que estão a ser realizadas nos laboratórios da capital congolesa serão conhecidos na próxima semana.

O instituto de saúde pública está a apoiar a RDC, país vizinho de Angola, na gestão da doença, especialmente em termos de vigilância, com uma taxa de testes clínicos de 78,4% do número total de pessoas afectadas.

Na última semana, foram detectadas 65 novas infecções e cinco mortes por esta doença misteriosa, elevando o número total de casos para 592 quase 70% dos quais em pessoas com menos de nove anos e de mortes para pelo menos 37, o que se traduz numa taxa de mortalidade de pelo menos 6,2%.

Está a ser investigada a relação de outras 44 mortes com o agente patogénico, indicou.

Os sintomas da doença incluem febre, dores de cabeça, corrimento nasal e tosse, falta de ar e anemia.

De acordo com as autoridades congolesas, os casos começaram a ser notificados em 24 de Outubro, mas o primeiro alerta só chegou a Kinshasa no final de Novembro.

Em 29 de Outubro a RDC lançou a sua primeira campanha de vacinação contra a malária, segundo a OMS, pois em Junho tinha recebido 693.500 doses da vacina R21/Matrix-M, destinada a imunizar as crianças entre os seis e os 23 meses contra a doença.

A RDC tornou-se assim o 14.º país africano a adoptar esta vacina, de acordo com a OMS.

A malária é uma doença transmitida aos seres humanos pela picada de certos tipos de mosquitos e mata mais de 600.000 pessoas todos os anos, 95% das quais em África, segundo a organização de saúde.

Em 11 de Dezembro, a OMS, através de um relatório sobre a doença, apontou Cabo Verde como um caso de sucesso no combate à malária na África Ocidental, razão pela qual foi certificado como país livre da doença.

Por outro lado, Moçambique e Angola são os Estados lusófonos que constam entre os dez países com mais casos de malária em 2023. AM

 





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