Genebra - O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu desculpas pelo comportamento dos funcionários da instituição que abusaram sexualmente dezenas de pessoas na República Democrática do Congo (RDC) e prometeu punir os culpados.
"A primeira coisa que quero dizer às vítimas e sobreviventes é que sinto muito. Eu sinto muito, sinto muito pelo que foi imposto a vocês por pessoas que foram contratadas pela OMS para servir e proteger", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma entrevista colectiva sobre as conclusões de uma comissão de investigação independente.
Além disso, prometeu "graves consequências" para os culpados.
A comissão independente que investiga a violência e os abusos sexuais cometidos por funcionários da OMS na República Democrática do Congo encontrou "falhas estruturais" e "negligência individual" por parte da organização.
Os abusos foram cometidos por funcionários, recrutados localmente e membros internacionais de equipas de luta contra o surto de Ébola na RDC entre 2018 e 2020, dizem os investigadores, que entrevistaram dezenas de mulheres que receberam ofertas de trabalho em troca de sexo ou que foram violadas.
Nas suas observações iniciais, a comissão de inquérito - lançada em Outubro de 2020 pelo director-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus - mostra um quadro desolador.
O responsável observa "a magnitude dos incidentes de exploração e abuso sexual na resposta ao 10º surto de Ebola, todos os quais contribuíram para aumentar a vulnerabilidade das vítimas, que não receberam a ajuda necessária e a assistência que exigiam essas experiências degradantes".
"É uma leitura comovente", disse Tedros, no início da entrevista colectiva.
A chefe da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que "como chefe da OMS pedimos desculpas pelo que essas pessoas, essas mulheres, essas meninas sofreram" e prometeu levar em consideração as recomendações da comissão.
A comissão constatou também, após a realização de dezenas de entrevistas, "a percepção de impunidade dos funcionários da instituição por parte das supostas vítimas", assim como o facto de que diante das dezenas de vítimas que se manifestaram, houve "uma ausência total de notificação de casos" a nível institucional.