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Covid-19: Chefe de Estado sul-africano diz que África não pode continuar à espera da vacina

     África              
  • Luanda • Sábado, 29 Maio de 2021 | 10h21
Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa (Foto arquivo)
Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa (Foto arquivo)
Angop

Joanesburgo - O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, considerou hoje que o continente africano não pode continuar na lista de espera para ter acesso à vacina contra a covid-19 que é produzida pelos países ricos.

O chefe de Estado sul-africano, que hoje recebeu o homólogo francês Emmanuel Macron na sua primeira visita oficial à África do Sul, disse que há vários outros países no continente com capacidade de produção de vacinas, destacando Egipto, Tunísia, Marrocos e Senegal.

"O Ruanda e o Gana também estão actualmente em negociações para desenvolver as suas próprias capacidades", referiu o Presidente Ramaphosa no final de uma visita à Universidade de Pretória com o seu homólogo francês.

No entanto, o líder sul-africano sublinhou que o continente tem "experiência" na produção de vacinas e "ecossistemas" para apoiar a sua produção e "não pode continuar à espera na fila por vacinas para a covid-19 que salvam vidas", declarou.

O Presidente Ramaphosa, que falava num seminário sobre a produção de vacinas em África, na Universidade de Pretória, que contou com a presença do Presidente francês, disse que os países africanos estão "imensamente gratos ao governo francês pelo seu apoio contínuo na aquisição de vacinas em África".

"Saudamos a recente contribuição da França de 30 milhões de doses adicionais para a COVAX e 500 milhões de euros em fundos multilaterais para comprar diagnósticos, terapêuticas e vacinas", adiantou o chefe de Estado sul-africano.

De acordo com Ramaphosa, "até ao momento, menos de metade de um por cento da população no continente está totalmente vacinada contra a covid-19", e o acesso ao fármaco "é o nosso maior desafio" em África.

O Presidente sul-africano disse que a produção local de vacinas "é um passo importante para a autossuficiência africana, que ajudará a atender às aspirações de desenvolvimento", estimando que "a capacidade de produção actual de cerca de 3,5 mil milhões de doses poderia ser aumentada para cerca de 5 mil milhões de doses anualmente".

"Da parte da África do Sul, demonstramos capacidade através do Instituto Biovac e da Aspen, queremos estabelecer novas empresas fabricantes de produtos farmacêuticos capazes de produzir a vacina contra a covid-19 e outras vacinas", referiu Ramaphosa.

"Já temos um programa de industriais negros capaz de assistir os novos candidatos, isso requer um compromisso de agências multilaterais de aquisição e financiadores para adquirir medicamentos e vacinas de fabricantes africanos em volumes sustentáveis", adiantou.

Ramaphosa disse que a África do Sul espera continuar a contar com o apoio da comunidade internacional e de parceiros como a França e a Alemanha.

"Há vinte anos, quando a África do Sul enfrentava a pandemia de VIH/SIDA, fomos processados por fabricantes de produtos farmacêuticos sobre o acesso e produção de medicamentos anti-retrovirais, e, ao abandonarem a acção legal, os fabricantes decidiram na altura colocar as pessoas antes dos lucros", afirmou.

Ramaphosa sublinhou que "a investigação na vacina contra a covid-19 foi o resultado de uma colaboração internacional, com significativo apoio financeiro do sector público", salientando que "vários ensaios clínicos foram conduzidos em países em desenvolvimento, inclusive na África do Sul".

"Permitir que todos os países fabriquem as suas próprias vacinas não significa que os países desenvolvidos ou as empresas farmacêuticas nos estendam as suas dádivas. É uma questão de justiça social e direitos humanos, sendo o mais importante deles o direito à vida", afirmou.

"As vacinas são e devem permanecer um bem público", concluiu.



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