Nova Iorque - O Conselho de Segurança da ONU aprovou hoje por unanimidade a criação de uma nova força de manutenção da paz da União Africana na Somália, designada Atmis, que sucederá à actual Amisom.
A agora criada força de manutenção de paz verá os actuais 20 mil militares, polícias e civis reduzidos gradualmente até ao final de 2024.
"Depois de muitos meses de negociações construtivas, o Conselho de Segurança da ONU adoptou uma resolução que (...) reconfigura a Amisom. Agora é a Missão de Transição da União Africana na Somália (Atmis)", anunciou o embaixador dos Emirados Árabes Unidos, que preside em Março àquele órgão da ONU.
O mandato de Amisom expirou hoje e o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia recomendado no início do mês manter até 31 de Dezembro o actual número de efectivos: 19.626 militares, polícias e civis.
De acordo com a resolução votada hoje, o plano de redução de efectivos da Atmis será realizado em quatro fases até à saída de todos no final de 2024.
Uma primeira redução de dois mil militares deve ocorrer até 31 de Dezembro de 2022, estando agendadas as próximas reduções no final de cada etapa para Março de 2023, Setembro de 2023, Junho de 2024 e Dezembro de 2024, conforme o texto da resolução.
A Somália, e particularmente a sua capital, Mogadíscio, foram palco de vários ataques nas últimas semanas, incluindo dois ocorridos na semana passada no centro do país, reivindicados pela organização extremista Al-Shebab, que provocaram 48 mortos.
Ao mesmo tempo, o país aguarda há mais de um ano pela eleição de um novo parlamento e de um novo Presidente.
O mandato do Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo, expirou em Fevereiro de 2021 sem que tivesse conseguido organizar uma votação.
Desde então, o processo avançou penosamente, atrasado por conflitos no seio do executivo e entre o Governo central e alguns estados do país.
Após vários adiamentos, o fim das eleições para a Câmara dos Deputados foi marcado para 31 de Março, etapa que deve abrir uma nova fase conducente à designação de um novo chefe de Estado.
Os repetidos atrasos preocupam a comunidade internacional, que acredita estarem a desviar a atenção das autoridades de questões cruciais para o país, como a insurreição extremista Al-Shebab.