Luanda – A comunidade guineense residente em Angola comemorou segunda-feira, em Luanda, o 65º aniversário da Independência da Guiné-Conakry, conquistada após longos anos de colonização francesa.
Durante a cerimónia, o primeiro conselheiro encarregado de Negócios da Guiné, Mohamed Bourama Keita, disse que a comunidade guineense no mundo e, em particular a residente em Angola, celebra "com orgulho e entusiasmo" a data, por ser um marco importante na história do país.
O diplomata lembrou que o 2 de Outubro de 1958 marcou não só a independência da Guiné, mas também a história das independências em África, ao rejeitar, de forma corajosa, e através de um voto massivo, o projecto de Constituição proposto pela França do general De Gaulle.
Avançou que o “Não” foi materializado, como é sabido por todos, pela famosa frase “Preferimos a liberdade na pobreza à riqueza na escravidão”, uma célebre frase ensinada na história da Guiné-Conakry.
Afirmou ainda que a famosa frase fez o orgulho da Guiné -Conakry em toda África e a sede de liberdade do país teve repercussão em todo o continente e, com o mesmo, surgiu a descolonização dos países lusófonos, anglófonos e francófonos, destacando-se a Argélia e Angola.
O responsável aproveitou, igualmente, a ocasião para agradecer a Angola o seu empenho na busca da Independência das potências colonizadoras.
O período colonial da Guiné-Conakry iniciou-se, em meados do século XX, quando tropas francesas penetraram na região e derrotaram as de Samori Turé (1898), guerreiro de etnia malinquê, dando aos franceses o controlo do que é, hoje, a Guiné-Conakry, e de regiões adjacentes.
França definiu as fronteiras da actual Guiné com os territórios britânico e português que hoje formam, respectivamente, a Serra Leoa e a Guiné-Bissau.
Negociou, ainda, a fronteira com a Libéria, e a região passou a ser o "Território da Guiné" dentro da África Ocidental Francesa, administrada por um governador-geral residente, em Dakar (actual capital do Senegal).
Liderados por Ahmed Sékou Touré, líder do Partido Democrático da Guiné (PDG), que ganhou 56 em 60 assentos nas eleições territoriais de 1957, o povo da Guiné decidiu, em plebiscito, por esmagadora maioria, rejeitar a proposta de pertencer a uma Comunidade Francesa.
Os franceses retiraram-se rapidamente e, em 2 de Outubro de 1958, a Guiné tornou-se num país independente, com Sékou Touré como Presidente até à sua morte, em 26 de Março de 1984.
Com a morte de Touré, uma junta militar encabeçada pelo coronel Lansana Conté tomou o poder, a 3 de Abril de 1984, e o país continuou sem eleições democráticas até 1993, quando este último ganhou o escrutínio numa disputa apertada.
Conté foi reeleito em 1998 e faleceu, em 22 de Dezembro de 2008, sendo substituído por uma junta militar que, aproveitando-se da vacatura no poder, anunciou, através do capitão Musa Dadis Camara, um golpe de Estado, que suspendeu a Constituição e as instituições republicanas.
Em 2010, Alpha Condé, antigo opositor de Lansana Conté, foi eleito Presidente na segunda volta do que viria a ser considerado como as primeiras eleições livres e democráticas da história do país, não obstante os casos de violência.
Condé foi reeleito, em 2015, e chegou a um terceiro mandato, em 2020, depois de alterar a Constituição.
Em Setembro de 2021, Alpha Condé foi derrubado num golpe de Estado militar liderado pelo chefe da Guarda Nacional, coronel Mamady Dombouya.DK/JM