Guiné - As estações de televisão privadas e os espaços de informação online da Guiné-Conacri exibiram esta terça-feira nos ecrãs frases de apoio à liberdade de imprensa, em protesto contra o que dizem ser restrições impostas pela junta no poder.
Os canais Espace TV e Kalac TV exibiram nos seus ecrãs a imagem de duas mãos a forçar barras sobre um fundo das cores nacionais guineenses, por cima do slogan "dia sem imprensa na Guiné".
Outros canais apresentaram variações sobre o mesmo tema.
No 'site' da Guinéematin, via-se uma corrente a ser partida por um par de punhos, sem ser possível aceder às notícias a partir da página inicial.
Por seu lado, as estações de rádio estão a difundir uma música sombria.
As associações de imprensa guineenses, que representam as televisões, rádios, jornais e 'sites' noticiosos privados, anunciaram na segunda-feira que boicotariam todas as actividades das autoridades até que a junta militar levantasse as restrições que dizem ser impostas à difusão da informação.
Denunciaram a apreensão, na semana passada, dos transmissores de duas estações de rádio pertencentes ao grupo de imprensa Afric Vision, a restrição ou bloqueio do acesso a 'sites' de notícias populares e às redes sociais, e os comentários do porta-voz do Governo, de que as autoridades encerrariam todos os meios de comunicação social que contribuíssem para "minar a unidade nacional" ou "colocar (os guineenses) uns contra os outros".
O porta-voz, Ousmane Gaoual Diallo, negou, no entanto, qualquer envolvimento das autoridades nas perturbações da internet e na operação contra a Afric Vision.
A disputa surge num contexto de tensa contestação política.
A Guiné é governada desde 2021 por uma junta liderada pelo coronel Doumbouya. Os militares concordaram, sob pressão internacional, em entregar o poder a civis eleitos até ao final de 2024, altura em que, segundo eles, seria possível efectuar reformas profundas.
A junta prendeu uma série de líderes da oposição e iniciou processos judiciais contra outros, além de proibir todas as manifestações desde 2022.
A oposição denuncia o domínio autoritário e exclusivo da junta sobre o país e apela ao rápido regresso dos civis. Está a convocar marchas de protesto para quarta e quinta-feira.MOY/DSC