Addis Abeba - O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) apelou à libertação de cinco jornalistas de uma estação de televisão da região etíope de Tigray, detidos pelas autoridades rebeldes regionais da Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).
Em conflito com o Governo federal desde Novembro de 2020, a TPLF, que governou o Tigray antes de ser desalojada pelo exército etíope, recuperou o controlo da maior parte desta região no norte da Etiópia no final de Junho de 2021.
Segundo várias fontes entrevistadas pelo CPJ, "as autoridades regionais estão a acusar os jornalistas, que estão detidos na capital de Tigray, Mekele, de 'colaborarem com o inimigo' pelo seu alegado trabalho com o Governo federal etíope e o seu partido governante Prosperity Party", disse a ONG internacional através de um comunicado divulgado quarta-feira à noite.
Duas destas fontes "disseram acreditar que os jornalistas foram detidos pelo seu trabalho para a Tigray TV durante o tempo em que esta era controlada pelas autoridades federais. Após ter expulso as autoridades regionais dissidentes da TPLF de Mekele, no final de Novembro de 2020, Addis Abeba instalou uma administração transitória.
A data exacta da detenção destes jornalistas da Tigray TV, uma estação ligada à TPLF - Haben Halefom, Teshome Temalew, Misgena Seyoum, Hailemichael Gesesse e Dawit Mekonnen -, não é conhecida, situando-se entre os finais de Maio e os princípios de Junho.
Segundo o CPJ, um decreto emitido pelas autoridades rebeldes regionais impondo o estado de emergência estipula que uma pessoa condenada por colaborar com um grupo designado como "inimigo" pode ser condenada a prisão perpétua ou a pena de morte.
A agência AFP tentou, sem sucesso, contactar um porta-voz da TPLF.
O conflito em Tigray está praticamente suspenso desde uma "trégua humanitária" no final de Março, mas o acesso e as comunicações com a região, que está a braços com uma grave situação humanitária, continuam a ser extremamente limitados.