Bamako - Pelo menos cinco soldados malianos morreram hoje e um número desconhecido ficou gravemente ferido numa série de ataques simultâneos com carros-bomba contra três acampamentos militares no centro do Mali, informaram fontes do exército.
A primeira explosão ocorreu na localidade de Sévaré, na região de Mopti, segundo uma fonte militar do Mali, citada pela agência espanhola EFE, e foi seguida de um ataque com armas de fogo orquestrado por vários homens armados montados em motorizadas.
A fonte acrescentou que as forças do Governo recuperaram o controle da situação e lançaram uma operação de busca para encontrar os agressores, que se puseram em fuga.
Segundo referiu, o segundo ataque foi dirigido a local de treino do Exército na localidade de Bapho, na região de Ségou, e resultou em "danos materiais significativos", incluindo a destruição de um helicóptero militar, desconhecendo-se ainda se há vítimas.
O último ataque, que seguiu o mesmo 'modus operandi' dos anteriores, ocorreu na localidade de Niono, em Ségou, e de momento não se sabe se causou vítimas e danos materiais.
Esta manhã, o exército maliano informava na sua conta no Twitter que "um ataque simultâneo está em curso em Sévaré, Niono e Bapho". "A situação já está sob controle em diversos locais", acrescentou.
À agência France-Presse (AFP), várias fontes militares confirmaram, sob anonimato, que os ataques tiveram como alvo três acampamentos nessas localidades, localizadas no centro do Mali, não tendo confirmado quaisquer perdas humanas nesta fase.
Em Sévaré "houve um duplo atentado terrorista, com explosão de engenhos e disparos", indicou uma dessas fontes.
Já Niono foi alvo de "um ataque com um carro-bomba", indicou uma fonte militar desta localidade.
Duas fontes militares e de segurança em Sévaré disseram à AFP que o exército respondeu a esses ataques, sem dar mais informações.
"Pedimos à Minusma (missão da ONU no Mali), no âmbito da nossa colaboração, que envie uma força de intervenção rápida para perto do campo de Sévaré para ajudar a protegê-lo", acrescentou uma das fontes, tendo esta informação sido confirmada por uma fonte militar da Minusma.
Segundo referiram, estes ataques causaram danos materiais significativos.
No acampamento de Sévaré, vários prédios e veículos foram destruídos e carbonizados, segundo imagens enviadas hoje à AFP por uma fonte próxima do Exército. Os destroços espalharam-se pelo chão, onde eram visíveis vestígios de fogo, e as janelas de uma igreja próxima foram destruídas.
Segundo as mesmas imagens, em Bapho um helicóptero foi danificado.
O Mali é governado por uma junta militar que emergiu de dois golpes e vive uma crise de segurança desde 2012, que o envio de forças estrangeiras não conseguiu resolver, devido ao surgimento de vários grupos jihadistas afiliados à Al Qaeda ou ao Estado Islâmico, que tiraram partido da fraqueza do Estado maliano para avançar pelo Sahel.
A partir do norte do país, a violência jihadista espalhou-se para o centro e o sul, tendo-se depois o conflito complicado com o surgimento de milícias comunitárias e grupos criminosos.
O conflito já fez milhares de vítimas, entre civis e combatentes, e o centro de Mali é atualmente um dos principais focos da crise do Sahel.
Os militares, no poder desde 2020, aproximaram-se de Moscovo ao mesmo tempo que se afastaram da França, envolvida militarmente no país, contra os jihadistas, desde 2013.
No contexto de uma crise diplomática com a junta militar, Paris anunciou em Fevereiro a retirada de seus soldados destacados no Mali, numa operação a concluir este verão.
