Harare - Um painel de cinco membros composto por antigos líderes do continente africano vai mediar a crise político e militar no leste da República Democrática do Congo (RDC), noticiou nesta terça-feira a agência APA News.
A equipa, que será liderada pelo antigo Presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, foi indicada durante uma cimeira conjunta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Comunidade da África Oriental (EAC), realizada virtualmente na segunda-feira a partir do Zimbabwe.
O painel integra também a ex-Presidente da República Centro-Africana Catherine Samba Panza, da Etiópia Sahle-Work Zewde, do Quénia Uhuru Kenyatta e da África do Sul Kgalema Motlanthe.
Um comunicado emitido após a cimeira, que foi co-presidida pelo Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, na qualidade de presidente da SADC, e pelo Presidente do Quénia, William Ruto, actual presidente da EAC, refere que as nomeações tiveram “em conta a inclusão de género, regional e linguística”.
A cimeira instruiu os secretariados da EAC e da SADC para notificarem os membros do painel sobre a sua nomeação unânime e para reportarem os resultados da cimeira à União Africana (UA) e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
De acordo com o documento, esta prevista uma sessão informativa no prazo de sete dias, liderada conjuntamente pela SADC, EAC e UA.
Este desenvolvimento baseia-se em resoluções anteriores feitas pelos líderes da SADC e da EAC durante a primeira cimeira conjunta em Fevereiro em Dar es Salaam, na Tanzânia, bem como em decisões subsequentes do Conselho de Paz e Segurança da UA e do CSNU.
A cimeira conjunta adoptou um roteiro que foi acordado pelos ministros dos dois blocos regionais durante a sua reunião em Harare, a 17 de Março, e descreve medidas imediatas, a médio e longo prazo para alcançar a paz e a segurança duradouras no leste da RDC.
A crise no leste da RDC é uma preocupação antiga para a região, marcada por conflitos persistentes que envolvem grupos armados e uma crise humanitária.
A cimeira conjunta contou ainda com a presença dos líderes ou representantes de Burundi, RDC, Madagáscar, Malawi, Rwanda, Somália, África do Sul, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.
Angola, que havia a missão de mediar o conflito em questão, renunciou a tarefa na segunda-feira para o mediador, o Presidente João Lourenço, “se concentrar mais amplamente nas prioridades gerais definidas pela organização continental”, quase dois meses depois de ter assumido a presidência rotativa da União Africana.
A retirada acontece no meio de uma mudança no panorama diplomático, notavelmente marcada pela emergência do Qatar como um potencial novo facilitador.
No dia 18 de Março, teve lugar em Doha uma reunião trilateral sob os auspícios do Emir Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, reunindo o Presidente rwandês Paul Kagame e o Presidente congolês Félix Tshisekedi, dia em que esta marcada em Luanda uma reunião entre a RDC e o grupo rebelde M23 com vista a um cessar-fogo entre as partes beligerantes. DSC/AM