Nova Iorque - O chefe das forças de manutenção da paz das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, apelou à interrupção imediata das hostilidades na República Democrática do Congo (RDC), à medida que as tensões aumentam entre o Movimento 23 de Março (M23) e o governo local, que resultaram em milhares de mortes de civis e deslocações generalizadas.
Numa recente entrevista especial à China Central Television em Nova Iorque (EUA), o também sub-secretário-Geral da ONU para as Operações de Paz, expressou as suas sérias preocupações relativamente à crescente violência na RDC, enfatizando o potencial de aumento da instabilidade na região e a grave crise humanitária que se está a desenvolver no país, segundo a agência APA News na sua edição de hoje.
Lacroix observou que, embora a ofensiva do M23 possa estar a ocorrer agora a um ritmo mais lento, ainda representa um risco de aumento da violência e da instabilidade na RDC e na região vizinha, o que pode levar a um conflito generalizado. Por isso, salientou a necessidade urgente de evitar tais resultados, uma vez que o impacto humanitário já foi severo.
Questionado sobre a possibilidade de se alcançar a paz, Lacroix reafirmou o compromisso da missão da ONU com a protecção dos civis, afirmando que, apesar das circunstâncias difíceis, estes vão continuar a cumprir o seu mandato.
Salientou que todos os dias, a MONUSCO (Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo) desempenha um papel crucial na protecção de centenas de milhares de civis.
Lacroix destacou o aspecto positivo das iniciativas diplomáticas em curso, dando nota de que organizações regionais como a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e a Comunidade da África Oriental (EAC) estarem a participar activamente nas conversações de paz, o que é um sinal de esperança para a situação.
Enfatizou que alcançar um cessar-fogo é o primeiro passo crucial, instando a que sejam feitos todos os esforços diplomáticos possíveis para atingir este objectivo, e referiu que a MONUSCO está preparada para monitorizar a implementação do cessar-fogo e tem planos para essa função.
Salientou a urgência da situação, alertando que os atrasos poderiam levar a um agravamento significativo do conflito.
Nos últimos meses, tem-se registado um aumento dos combates entre o governo da RDC e as forças do M23, com estas últimas a lançarem ofensivas significativas e a capturarem territórios substanciais nas províncias orientais do Kivu do Norte e do Kivu do Sul.
Além disso, a Aliança do Rio Congo, uma facção político-militar aliada ao M23, criou uma administração provincial paralela nestas áreas.
Recentemente, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 2773, que apela a um cessar-fogo imediato e à retirada das forças militares estrangeiras da República Democrática do Congo (RDC).
Esta resolução realça a importância de a RDC e o Rwanda cumprirem as suas obrigações no âmbito do Processo de Luanda e resolverem o conflito através dos canais diplomáticos. DSC/AM