Dodoma - Um candidato e um responsável do partido da oposição na Tanzânia Chadema foram mortos na véspera das eleições locais, que se realizam hoje naquele país africano, anunciou hoje o partido político , cita a Lusa.
As duas mortes ocorreram na noite de terça-feira, disse o Chadema, em comunicado. Um candidato na região de Manyoni (centro) foi morto a tiro pela polícia na sua casa e um funcionário local do partido na circunscrição de Tunduma (sudoeste) morreu depois de ser atacado com faca também na sua residência.
"Condenamos todos os assassínios ocorridos e apelamos à polícia para que faça o que for necessário para prender e levar os perpetradores à justiça", escreveu o partido.
A polícia confirmou a morte do candidato George Juma, e afirmou que este foi morto pelos guardas de uma prisão próxima, que intervieram durante um confronto entre membros do partido no poder, Chami Cha Mapinduzi (CCM), e do Chadema.
"Quando chegaram ao local foram atacados com pedras, obrigando-os a disparar tiros de aviso para o ar (...) Uma bala atingiu George Juma", de 41 anos, declarou o comandante da polícia regional, Ammon Kakwale.
"As investigações sobre o incidente estão em curso para garantir que todos os responsáveis pelo caso são detidos", acrescentou o comandante da polícia.
No comunicado, o Chadema diz também ter identificado casos de fraude, alegando nomeadamente ter encontrado caixas de "boletins pré marcados" a favor do CCM em cinco círculos eleitorais.
As eleições autárquicas que se realizam hoje na Tanzânia são consideradas um barómetro para as eleições presidenciais e legislativas de 2025 e um teste democrático, num contexto de aumento da repressão política nos últimos meses no país.
Estas são as primeiras eleições desde a subida ao poder de Samia Suluhu Hassan, que sucedeu a John Magufuli, Presidente que morreu subitamente em Março de 2021.
A dirigente mostrou sinais de abertura quando chegou ao poder, autorizando nomeadamente a publicação de meios de comunicação proibidos de operarem pelo seu antecessor. Mas a oposição acusou-a nos últimos meses de regressar às práticas autoritárias do anterior chefe de Estado, com prisões, raptos, e outros actos, à medida que os prazos eleitorais se aproximam.
A oposição, que boicotou as eleições anteriores, em 2019, denunciou também a desqualificação "injusta" de muitos dos seus candidatos.
Cerca de 31 milhões de eleitores são chamados hoje às urnas na Tanzânia para escolherem mais de 80 mil responsáveis eleitos de cidades, aldeias e bairros deste país da África Oriental. AM